Dono do Telegram é solto da custódia policial e levado à Justiça na França
Promotoria de Paris disse que ele agora enfrentará “interrogatório inicial e possível indiciamento” em um tribunal na capital francesa
O fundador do Telegram, Pavel Durov, foi libertado da custódia policial na França nesta quarta-feira (28) e transferido para um tribunal para interrogatório antes de uma possível acusação, disseram promotores à CNN, dias após sua prisão dramática em um aeroporto de Paris.
O bilionário nascido na Rússia saiu do escritório antifraude nos arredores de Paris no que parecia ser um veículo policial na tarde desta quarta-feira, de acordo com um produtor da CNN no local.
A promotoria de Paris disse que ele agora enfrentará “interrogatório inicial e possível indiciamento” em um tribunal na capital francesa.
Durov, de 39 anos, foi detido no Aeroporto de Bourget, em Paris, no sábado, sob um mandado relacionado à falta de moderação do Telegram.
Ele estava sendo investigado por acusações relacionadas a uma série de crimes, incluindo alegações de que sua plataforma era cúmplice em ajudar fraudadores, traficantes de drogas e pessoas espalhando pornografia infantil.
O aplicativo de Durov também foi questionados por seu uso por grupos terroristas e extremistas de extrema direita.
Ele foi colocado sob custódia por até 96 horas, o período máximo que uma pessoa pode ficar detida pela lei francesa antes de ser acusada formalmente.
A prisão de Durov deu início a uma discussão sobre liberdade de expressão e causou preocupações específicas tanto na Ucrânia quanto na Rússia, onde a liberdade de expressão é extremamente popular e se tornou uma ferramenta de comunicação essencial entre militares e cidadãos durante a guerra de Moscou contra seu vizinho.
O Kremlin tentou acalmar os temores na Rússia sobre o futuro do aplicativo, com o porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, tentando dissipar os apelos para que os usuários excluíssem suas mensagens confidenciais no aplicativo.
O presidente francês Emmanuel Macron disse na segunda-feira que a decisão de apresentar acusações contra Durov “não foi de forma alguma política”, uma rara intervenção de um líder francês em uma questão judicial.
O Telegram foi lançado em 2013 por Durov e seu irmão, Nikolai. O aplicativo agora tem mais de 950 milhões de usuários, de acordo com uma postagem de Durov no mês passado, tornando-o uma das plataformas de mensagens mais amplamente usadas no mundo.
As conversas no aplicativo são criptografadas, o que significa que as agências de segurança pública — e o próprio Telegram — têm pouca supervisão sobre o que os usuários postam.
Durov nasceu na União Soviética em 1984 e, aos 20 anos, tornou-se coloquialmente conhecido como o “Mark Zuckerberg da Rússia”. Ele deixou o país em 2014 e agora mora em Dubai, onde fica a sede do Telegram, além de ter cidadania francesa.
Ele tem uma fortuna estimada em US$ 9,15 bilhões, de acordo com a Bloomberg, e manteve um estilo de vida luxuoso e viajante ao longo da última década.
Mas, embora seu aplicativo tenha recebido elogios de grupos de liberdade de expressão e permitido a comunicação privada em países com regimes restritivos, os críticos dizem que ele se tornou um refúgio seguro para pessoas que coordenam atividades ilícitas — incluindo os terroristas que planejaram os ataques terroristas de Paris em novembro de 2015.
“Você não pode torná-lo seguro contra criminosos e aberto para governos”, disse Durov à CNN em 2016. “Ou é seguro ou não é seguro.”