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    Enchentes na Alemanha deixam mais de 100 mortos; 1.300 estão desaparecidos

    Consideradas as mais intensas em 100 anos, chuvas torrenciais atingiram cidades e vilas, deixando casas destruídas, pessoas ilhadas e sem energia elétrica

    Nadine Schmidt, Schams Elwazer, Barbara Wojazer, Sharon Braithwaite e Joseph Ataman, CNN

    As inundações catastróficas na Europa Ocidental mataram mais de 100 pessoas e deixaram milhares de desaparecidos, relatam as autoridades nesta sexta-feira (16). As equipes de resgate continuam trabalhando em meio ao aumento da água, deslizamentos de terra e falta de energia. Na Alemanha, pelo menos 103 pessoas foram mortas em dois estados ocidentais.

    Imagens chocantes da devastação na Alemanha e na Bélgica mostraram aldeias inteiras debaixo d’água, com carros presos entre prédios desabados e escombros. Pessoas ficaram ilhadas nos tetos de suas casas. Holanda e Luxemburgo também sofrem com as fortes chuvas.

    No distrito de Ahrweiler, na Alemanha, que foi duramente atingido pelas enchentes, as autoridades disseram à CNN que 1.300 pessoas permaneceram desaparecidas.

    “Ainda não há um fim à vista”, disse Ulrich Sopart, porta-voz da polícia na cidade de Koblenz, à CNN. Ele disse que as autoridades estão esperançosas de poder reduzir o número de pessoas desaparecidas à medida que a operação de resgate prossegue e as linhas telefônicas são restauradas.

     

    “Esperamos que algumas pessoas tenham sido registradas como desaparecidas duas ou até três vezes – se, por exemplo, um membro da família, um colega de trabalho ou um amigo registrou uma pessoa como desaparecida”, disse Sopart.

    “Além disso, em alguns lugares as linhas telefônicas ainda estão desligadas e a conexão é difícil. Esperamos que as pessoas entrem em contato com um parente, colega de trabalho ou amigo para que saibam que estão bem”, disse ele.

    Pelo menos 165 mil pessoas estão atualmente sem energia em Rheinland-Pfalz, na Alemanha, e no estado vizinho da Nordrhein-Westfalen, disseram autoridades à CNN.

    Em Nordrhein-Westfalen, onde pelo menos 43 pessoas morreram, a porta-voz do Ministério do Interior do estado, Katja Heins, disse à CNN que a “situação continua muito dinâmica”. “Não sabemos quantas pessoas estão desaparecidas.”

    O número de mortos em Rheinland-Pfalz subiu para pelo menos 60, anunciou a primeira-ministra do estado, Malu Dreyer, nesta sexta-feira, acrescentando que o número pode subir nas próximas horas.

    “Temos 60 mortos para lamentar no momento e é de se temer que o número suba ainda mais”, disse Dreyer em entrevista coletiva. “Ainda não alcançamos um estágio em que podemos dizer que situação está melhorando.”

    Chuvas são as mais intensas em 100 anos 

    Os estados alemães de Nordrhein-Westfalen, Rheinland-Pfalz e Saarland foram os mais afetados pelas chuvas recordes, que as autoridades consideram as mais pesadas em um século.

    “Em algumas áreas não vimos tanta chuva há 100 anos”, disse um porta-voz do serviço meteorológico alemão DWD, acrescentando que nessas regiões, eles “viram mais do que o dobro da quantidade de chuvas”, causando inundações e fazendo estruturas entrar em colapso.

    Grandes áreas do oeste da Alemanha registraram em 24 horas chuvas entre 100 e 150 milímetros, o que representa mais de um mês de chuva nesta região, de acordo com o meteorologista da CNN Brandon Miller.

    Colônia, no estado de Nordrhein-Westfalen, registrou 154 milímetros de chuva em 24 horas até a manhã desta quinta-feira (15) – quase o dobro da média mensal de julho, de 87 milímetros.

    Chuvas torrenciais localizadas mais pesadas resultaram em inundações repentinas extremas. Em Reifferscheid, no distrito de Ahrweiler, 207 milímetros de chuva caíram em apenas nove horas, de acordo com o European Severe Weather Database.

    As enchentes são resultado de uma área de baixa pressão de movimento lento, o que permitiu que uma corrente ar quente e úmido alimentasse fortes tempestades e chuvas fortes e duradouras, de acordo com o serviço meteorológico alemão.

     Mudanças climáticas 

    Chuvas extremas estão se tornando mais comuns em um clima mais quente, pois o ar mais quente pode reter mais vapor de água disponível para cair como chuva.

    “A mudança climática chegou à Alemanha”, tuitou a ministra do Meio Ambiente, Svenja Schulze, nesta quinta-feira (15). 

    “Os eventos mostram com força que as consequências das mudanças climáticas podem afetar a todos nós, e como é importante para nós nos ajustarmos a eventos climáticos extremos no futuro”, escreveu.

    Hannah Cloke, professora de hidrologia da Universidade de Reading, no Reino Unido, disse à CNN que “esse tipo de alta energia, torrentes repentinas de chuva de verão são exatamente o que esperamos em nosso clima que aquece rapidamente”.

    Nesta quinta, o DWD previu que “o pior das chuvas torrenciais acabou”, embora mais chuvas fortes sejam esperadas no sudoeste da Alemanha ainda nesta sexta. 

    Na vizinha Bélgica, pelo menos 14 pessoas morreram, segundo as autoridades. Outras cinco pessoas na região sul da Wallonia, na região Sul do país, ainda estão desaparecidas.

    Cerca de 21 mil pessoas também estão sem eletricidade em Wallonia, de acordo com o fornecedor de energia Ores. A situação da rede elétrica local continua “extremamente complicada”. 

    Cerca de 300 pontos de distribuição estão inundados e impossíveis de alcançar, alega a empresa de energia Ores. 

    Reportagem de Nadine Schmidt, emj Berlim, Barbara Wojazer, de Paris, e Sharon Braithwaite e Vasco Cotovio, em Londres. Kara Fox, James Frater e Melissa Gray contribuíram para esta reportagem

    (Este texto é uma tradução. Para ler o original, em inglês, clique aqui)