Entenda importância da região do Donbas no conflito entre Rússia e Ucrânia

Moscou insiste que Kiev abra mão da área perdida durante a guerra; Zelensky rejeita ideia

Vaishnavi Hajari, da Reuters
Tropas ucranianas disparam artilharia durante invasão russa na região ucraniana de Donbas
Tropas ucranianas disparam artilharia durante invasão russa na região ucraniana de Donbas18/07/2022  • Gleb Garanich/ Reuters
Compartilhar matéria

Vladimir Putin exige que a Ucrânia abandone toda a região oriental do Donbas, renuncie às ambições de ingressar na Otan, permaneça neutra e mantenha as tropas ocidentais fora do país, disseram à Reuters três fontes familiarizadas com o pensamento de alto nível do Kremlin.

O presidente russo se encontrou com Donald Trump no Alasca na sexta-feira (15) na primeira cúpula Rússia-EUA em mais de quatro anos e passou quase todas as suas três horas de reunião fechada discutindo como poderia ser um compromisso sobre a Ucrânia, de acordo com as fontes que solicitaram anonimato para discutir assuntos sensíveis.

Em sua nova proposta, o presidente russo manteve sua exigência de que a Ucrânia se retire completamente das partes do Donbas que ainda controla, de acordo com as três fontes.

Em troca, no entanto, Moscou iria parar as linhas de frente atuais em Zaporizhzhia e Kherson, acrescentaram as fontes.

O professor do departamento de Política da Rússia e do Leste Europeu na Universidade de Oxford, Dr Marnie Howlett, diz que a Rússia realmente não mostrou "nenhuma indicação de que quer parar esta guerra, uma vez que adquiriu a região de Donetsk-Luhansk" e se essas regiões são tomadas pela força, ela iria "preparar o terreno para futuras invasões".

A Rússia controla cerca de 88% do Donbas e 73% de Zaporizhzhia e Kherson, de acordo com estimativas dos EUA.

O presidente Volodymyr Zelensky rejeitou repetidamente a ideia de se retirar das terras ucranianas internacionalmente reconhecidas como parte de um acordo, e disse que a região industrial do Donbas serve como uma fortaleza segurando os avanços russos mais profundos na Ucrânia.

"Há muita verdade no argumento de que se essas regiões forem tomadas pela força, Donetsk e Luhansk ou Donbas...isso só irá preparar o terreno para novas e adicionais invasões da Rússia", diz Howlett.

Trump disse que quer acabar com o "banho de sangue" da guerra e ser lembrado como um "presidente pacificador". Ele disse na segunda-feira (18) que tinha começado a organizar um encontro entre os líderes russos e ucranianos, a ser seguido por uma cúpula trilateral com o presidente dos EUA.

Howlett diz que o povo ucraniano tem laços com a terra e simplesmente "não vai parar de lutar".

"O exército é um exército civil. Estes são voluntários que arriscaram suas vidas, que não eram anteriormente militares", diz Howlett. "E assim desistir de terras realmente seria questionar muitas coisas, mas principalmente, se todas as vidas perdidas foram em vão”.