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    Etiópia declara estado de emergência por seis meses em região atingida por conflitos

    Medidas começaram a vigorar em Amhara, no norte do país, onde as tropas federais estão em luta contra a milícia de Fano; governo cogita extensão de vigilância mais rígida em outros estados

    Dawit Endeshaw da Reuters , Addis Abeba 

    O governo da Etiópia declarou estado de emergência por seis meses nesta sexta-feira (04) na segunda maior região do país, Amhara, após dias de confrontos entre militares e milicianos locais de Fano, dando-lhe poderes para impor toque de recolher, restringir o movimento e proibir reuniões.

    Os combates que eclodiram no início desta semana rapidamente se tornaram a crise de segurança mais séria da Etiópia desde que uma guerra civil de dois anos na região de Tigray, vizinha de Amhara, terminou em novembro.

    O governo regional de Amhara solicitou ajuda adicional das autoridades federais na quinta-feira para restabelecer a ordem.

    “Foi considerado necessário declarar o estado de emergência porque se tornou difícil controlar essa atividade ultrajante com base no sistema legal regular”, disse o gabinete do primeiro-ministro Abiy Ahmed em um comunicado.

    A agitação é o mais recente surto de violência a atingir o país, o segundo mais populoso da África depois da Nigéria, desde que Abiy assumiu o cargo em 2018. Ele ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2019 por seus esforços de paz com a Eritreia.

    A ordem de sexta-feira deu ao governo poderes para impor toque de recolher, restringir o movimento, proibir o porte de armas e outros objetos pontiagudos, proibir reuniões públicas e fazer prisões e buscas sem mandados.

    O governo também pode fechar ou limitar os movimentos dos meios de comunicação que considera estarem operando contra as ordens de emergência, disse o Serviço de Comunicação do Governo em uma postagem na plataforma de mensagens X, anteriormente conhecida como Twitter.

    As ordens se aplicam a Amhara por enquanto, mas podem ser impostas em outras áreas, se necessário, disse o governo.

    Relações tensas

    Fano, uma milícia bissexta que atrai voluntários da população local, foi um importante aliado da Força de Defesa Nacional da Etiópia (ENDF) durante a guerra do Tigray.

    Mas a relação azedou, em parte devido aos recentes esforços das autoridades federais para enfraquecer os grupos paramilitares regionais. Alguns ativistas dizem que isso deixou Amhara vulnerável a ataques de regiões vizinhas.

    Dois moradores da segunda maior cidade de Amhara, Gondar, disseram na sexta-feira que intensos combates ocorreram no dia anterior perto da universidade.

    “O ENDF primeiro controlou a universidade, mas foi repelido por Fano. Eles tentaram avançar para o centro da cidade, mas não conseguiram”, disse um morador.

    O outro, um oficial local, disse que os militares se retiraram da universidade, mas não disse por quê. Ambos pediram para não serem identificados por questões de segurança.

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    Um membro do Fano, também falando sob condição de anonimato, disse que os milicianos estavam tentando cercar a capital de Amhara, Bahir Dar. Ele disse que eles capturaram Merawi, uma cidade 30 km ao sul de Bahir Dar.

    A reportagem não pôde confirmar de forma independente suas alegações. Um porta-voz da ENDF não respondeu a um pedido de comentário.

    No entanto, o ministro da Educação, Berhanu Nega, disse em entrevista coletiva que 16.000 estudantes em Gondar não puderam fazer seus exames finais na quinta-feira.

    A internet móvel permaneceu em baixa na região, disseram moradores. A Ethiopian Airlines cancelou voos para três dos quatro aeroportos para os quais voa em Amhara, disse um porta-voz da companhia aérea.

    Protestos violentos eclodiram em Amhara em abril, depois que Abiy ordenou que as forças de segurança das 11 regiões da Etiópia fossem integradas à polícia ou ao exército nacional.

    Os manifestantes disseram que a ordem visava enfraquecer Amhara. O governo federal negou e disse que o objetivo era garantir a unidade nacional.

    Desde que chegou ao poder, Abiy tentou centralizar o poder em um país cujas regiões têm uma medida de autonomia.

    A guerra em Tigray estava enraizada em tensões entre autoridades regionais e federais, bem como em antigas queixas entre grupos étnicos. Dezenas de milhares de pessoas foram mortas e milhões forçadas a deixar suas casas antes que uma trégua fosse assinada.

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