Ex-fuzileiro americano detido há 4 anos na Rússia é visto em vídeo dentro de prisão
Autoridades russas acusaram Paul Whelan de ser um espião, o que ele nega; proposta dos EUA para libertação não foi respondida
Um vídeo divulgado pela agência de notícias estatal Russia Today (RT) mostra o americano Paul Whelan, que está detido na Rússia há mais de quatro anos, dentro de um presídio.
Nas imagens, Whelan está vestindo um uniforme de prisão russo, podendo ser visto em diferentes partes do presídio, por exemplo, usando uma máquina de costura e comendo em uma cafeteria.
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Em certo momento, ele diz a um repórter: “Você entende quando digo que não posso dar uma entrevista, o que significa que não posso responder a nenhuma pergunta”.
Whelan, que tem cidadania norte-americana, irlandesa, britânica e canadense, foi detido em um hotel de Moscou em dezembro de 2018 pelas autoridades russas, que alegaram que ele estava envolvido numa operação de Inteligência.
O ex-fuzileiro naval dos Estados Unidos, ele foi condenado a 16 anos de prisão, acusado de espionagem, o que nega veementemente. “Fui preso por um crime que nunca ocorreu. Não entendo por que ainda estou aqui”, disse ele à CNN durante uma entrevista exclusiva no ano passado.
Após a divulgação do vídeo pela RT, David Whelan pontuou em comunicado que “foi a primeira vez” que viu como seu irmão “realmente é desde junho de 2020”.
A equipe do canal russo compareceu à prisão para filmá-lo em maio e “o pessoal da prisão retaliou-o depois de ele não ter participado” numa entrevista, segundo o irmão.
“Eu gostaria de poder ver Paul em circunstâncias melhores”, ressaltou ele no comunicado, “mas foi bom vê-lo novamente e ver que a luta permanece em seus olhos”. “É bom saber que Paul permanece inflexível”, complementou.
David Whelan afirmou a Erica Hill, da CNN, que a família ainda não tinha notícias da Casa Branca sobre o vídeo, mas que ele “aceitaria ao pé da letra o que o secretário de imprensa disse hoje: que as autoridades continuarão a trabalhar na libertação de Paul.
Assistir ao vídeo, ainda segundo o irmão, foi “valioso” para sua família, explicando a Hill: “Se você desligar o volume e olhar para Paul, acho que terá uma noção de quão resiliente ele tem sido, e também uma noção de o como sua vida tem sido na prisão, então para nossa família acho que foi muito valioso ver isso”.
No início deste mês, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, conversou com Whelan, de acordo com uma fonte familiarizada com a ligação. O governo americano considera a detenção injusta.
Entretanto, os Estados Unidos não conseguiram garantir a libertação de Whelan nas trocas de prisioneiros que trouxeram para casa outros dois americanos detidos no ano passado: Trevor Reed, em abril, e Brittney Griner, em dezembro.
A administração Biden apresentou propostas para a libertação de Whelan, mas a Rússia não respondeu de forma substantiva, destacaram dois funcionários do governo à CNN.
Elizabeth Whelan, irmã de Paul Whelan, disse a Isa Soares, da CNN, na terça-feira (29) que se sentiu sortuda pelos “EUA terem assumido a liderança para tentar tirá-lo de lá”, acrescentando que “nem todos os países são tão progressistas em termos de tentar ajudar seus cidadãos quando eles são detidos injustamente”.
Entretanto, a falta de resposta à oferta da administração Biden aliada à prisão do repórter Evan Gershkovich, do Wall Street Journal, no início deste ano, forçaram os Estados Unidos a continuar procurando uma nova proposta, segundo um alto funcionário do governo – apesar de os EUA ainda considerarem a oferta existente no caso Whelan como ativa.
O governo americano continua tentando achar ofertas que possam levar a Rússia a libertar os dois americanos detidos, como noticiou a CNN no início deste ano.
Os EUA não têm, atualmente, espiões russos de alto nível sob sua custódia, conforme informaram atuais e antigas autoridades do país, o que leva à necessidade de recorrer a aliados em busca de ajuda.
Elizabeth Whelan afirmou à CNN nesta terça-feira que, durante o telefonema de seu irmão com Blinken, algumas semanas atrás, ele recebeu “a garantia de que tudo o que é possível neste momento está sendo feito”.
Em outro telefonema, em maio, ao qual a CNN teve acesso com exclusividade, Whelan disse estar confiante de que o seu caso é uma prioridade para o governo dos EUA, mas deseja que possa ser resolvido mais rapidamente.
Ele também expressou preocupação de poder ser deixado para trás novamente se os Estados Unidos garantirem a libertação de Gershkovich.
*Jack Forrest, da CNN, contribuiu para esta reportagem