Ex-secretária de campo de concentração nazista é presa após fugir de julgamento

Mulher alemã de 96 anos foi apontada como cúmplice no assassinato de mais de 11 mil pessoas em um campo da Polônia

Nadine Schmidt e Alex Carey, da CNN, Reuters
Cercas do campo de concentração Stutthof, na Polônia, o primeiro campo construído pelos nazistas fora da Alemanha  • Ken Gordon/Flickr
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Uma mulher alemã de 96 anos, acusada de ajudar e ser cúmplice de assassinatos em massa em um campo de concentração nazista durante a Segunda Guerra Mundial, foi presa nesta quinta-feira (30) horas depois de não comparecer a seu julgamento, disse um porta-voz do tribunal.

Irmgard Furchner é acusada de ter contribuído aos 18 anos para o assassinato de 11.412 pessoas quando era digitadora no campo de concentração de Stutthof entre 1943 e 1945.

O julgamento na cidade de Itzehoe, no extremo norte do país, não poderia começar com a ausência dela.

"A réu deixou sua casa nas primeiras horas desta manhã e pegou um táxi para um local desconhecido", disse o porta-voz do tribunal, Frederike Milhoffer. O porta-voz disse que um mandado de prisão havia sido emitido. Itzehoe fica a cerca de 100 km da fronteira com a Dinamarca.

O julgamento da ex-secretária do campo de concentração em Stutthof, perto do que é agora a cidade polonesa de Gdansk, estava previsto para começar nesta quinta, diz a acusação do tribunal.

A ré era uma estenógrafa e datilógrafa no escritório do comandante do campo. Ela teria ajudado os encarregados do campo na matança sistemática de prisioneiros, aponta a acusação.

Furchner enfrenta julgamento perante uma Câmara do Tribunal Juvenil porque ela era uma adolescente na época dos acontecimentos.

Ela é uma das primeiras mulheres em décadas a ir a julgamento por crimes durante a era nazista.

Segundo o Escritório Central em Ludwigsburg, responsável pela investigação dos crimes nazistas, cerca de 65.000 pessoas morreram no campo de concentração de Stutthof e em seus subcampos, assim como nas chamadas "marchas da morte" do final da guerra.

Em julho de 2020, o Tribunal Regional de Hamburgo condenou Bruno D., um antigo guarda de 93 anos em Stutthof, a dois anos de prisão no regime condicional.

O ex-guarda supervisionou os prisioneiros em Stutthof de agosto de 1944 a abril de 1945, e foi acusado de 5.230 casos de cumplicidade nos assassinatos durante seu tempo como guarda da SS, a polícia nazista, no campo.

Ele enfrentou um tribunal juvenil porque tinha 17 anos de idade na época em que serviu aos nazistas.

Na próxima quinta-feira, também deverá começar um julgamento contra um ex-guarda do antigo campo de concentração nazista Sachsenhausen. O homem tem hoje 100 anos.

(Este texto foi traduzido; leia o original em inglês)