Gaza viveu 16 anos de “antidesenvolvimento”, diz relatório da ONU sobre economia palestina
Documento responsabiliza ocupação israelense por dificuldades econômicas na região



Um relatório divulgado pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), nesta quarta-feira (25), conclui que 2022 foi mais um ano ruim para os palestinos, citando, entre os motivos, a ocupação de Israel.
“Num contexto de tensões políticas crescentes, de aprofundamento da dependência da potência ocupante e de um processo de paz estagnado, a economia palestina continuou a funcionar abaixo do potencial em 2022, à medida que outros desafios persistentes se intensificavam”, afirma o relatório.
O texto, que traz um panorama sobre a economia palestina, também afirma que a Faixa de Gaza viveu 16 anos de “antidesenvolvimento”.
“Gaza viveu 16 anos de ‘antidesenvolvimento’ e supressão do potencial humano e do direito ao desenvolvimento. Os esforços internacionais para a recuperação continuam inadequados e abaixo do nível das necessidades prementes”, diz o relatório.
O órgão da ONU também afirma que as consequências econômicas da guerra entre Israel e o Hamas são “impossíveis de se definir” neste momento.
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Acredita-se que o Hamas esteja abrigando no subsolo um número considerável de combatentes e armas • Reuters
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O conflito entre Israel e Hamas começou em 7 de outubro quando o grupo extremista islâmic disparou uma chuva de foguetes lançados da Faixa de Gaza sobre o país judaico. A ofensiva contou ainda com avanços de tropas por terra e pelo mar • Reuters
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Foguetes disparados em Israel a partir de Gaza • REUTERS/Amir Cohen
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Após os ataques aéreos, o Hamas avançou no território israelense e invadiu a área onde estava acontecendo um festival de música eletrônica; mais de 260 corpos foram encontrados no local • Reprodução CNN
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Carros foram deixados para trás pelos motoristas que tentavam fugir do grupo extremista islâmico • Reuters
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Imagens mostram carros abandonados e sinais de explosões após ataque em festival de música eletrônica em Israel • Reuters
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As forças israelenses responderam com uma contraofensiva que atingiu Gaza e deixou vítimas, inclusive, em campos de refugiados. Israel declarou "cerco total" e suspendeu o abastecimento de água, energia, combustível e comida ao território palestino • 13/10/2023 REUTERS/Violeta Santos Moura
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Destruição em campo de refugiados palestinos em Gaza após ataque aéreo de Israel • Reuters
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Pessoas carregam o corpo de palestino morto em ataque israelense no campo de refugiados de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza • 09/10/2023 REUTERS/Mahmoud Issa
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Campo de refugiados palestinos atingido em meio a ataques aéreos israelenses em Gaza • Reuters
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Prédios destruídos na Faixa de Gaza • Ahmad Hasaballah/Getty Images
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Escombros de prédio destruído após sataques em Sderot, no sul de Israel • Ilia Yefimovich/picture alliance via Getty Images
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Delegacia destruída no sul de Israel após ataque do Hamas • REUTERS/Ronen Zvulun
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Palestinos queimam pneus de carros e bloqueiam estradas enquanto entram em confronto com as forças israelenses no distrito de Beit El, em Ramallah, na Cisjordânia • Anadolu Agency via Getty Images
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As Brigadas Izz ad-Din al-Qassam seguram uma bandeira palestina enquanto destroem um tanque das forças israelenses em Gaza • Hani Alshaer/Anadolu Agency via Getty Images
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Bombeiros tentaram apagar incêndios em Israel após bombardeio de Gaza no sábado (7) • Reuters
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Foguetes disparados de Gaza em direção a Israel na manhã de sábado (7) • CNN
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Veja como funciona o sistema antimíssil de Israel • CNN
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Ataque israelense na Faixa de Gaza • 10/10/2023 REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa
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Casas e prédios destruídos por ataques aéreos israelenses em Gaza • 10/10/2023 REUTERS/Shadi Tabatibi
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Tanque de guerra israelense estacionado perto da fronteira de Gaza • Ahmed Zakot/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
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Imagens se satélite mostram destruição na Faixa de Gaza • Reprodução/Reuters
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Salva de foguetes é disparada por militantes do Hamas de Gaza em direção a cidade de Ashkelon, em Israel, em 10 de outubro de 2023. • Saeed Qaq/Anadolu via Getty Images
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Salva de foguetes é disparada por militantes do Hamas de Gaza em direção a cidade de Ashkelon, em Israel, em 10 de outubro de 2023. • Majdi Fathi/NurPhoto via Getty Images
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Barco de pesca pega fogo no porto de Gaza após ser atingido por ataques de Israel. • Reuters
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Palestinos caminham em meio a destroços de prédios destruídos por Israel em Gaza • 10/10/2023REUTERS/Mohammed Salem
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Palestinos caminham em meio a destroços de prédios em Gaza destruídos por ataques de Israel • 09/10/2023REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa
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Soldados israelenses carregam corpo de vítima de ataque realizado por militantes de Gaza no kibbutz de Kfar Aza, no sul de Israel • 10/10/2023 REUTERS/Violeta Santos Moura
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Destruição em Gaza provocada por ataques israelenses • 10/10/2023REUTERS/Mohammed Salem
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Ataque israelense na Faixa de Gaza • 10/10/2023 REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa
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Casas e prédios destruídos por ataques aéreos israelenses em Gaza • 10/10/2023 REUTERS/Shadi Tabatibi
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Munição israelense é vista em Sderot, Israel, na segunda-feira • Mostafa Alkharouf/Anadolu Agency via Getty Images
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Tanque de guerra israelense estacionado perto da fronteira de Gaza • Ahmed Zakot/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
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Chamas e fumaça durante ataque israelense a Gaza • 09/10/2023REUTERS/Mohammed Salem
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Sistema antimísseis de Israel intercepta foguetes lançados da Faixa de Gaza • 09/10/2023REUTERS/Amir Cohen
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Hospital na Faixa de Gaza usa geladeiras de sorvete para colocar cadáveres devido à superlotação do necrotério • Ashraf Amra/Anadolu via Getty Images
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Fumaça sobe após um ataque aéreo israelense no oitavo dia de confrontos na Faixa de Gaza, em 14 de outubro de 2023 • Ali Jadallah/Anadolu via Getty Images
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Homem palestino lava as mãos em uma poça ao lado de um prédio destruído após os ataques israelenses na Cidade de Gaza • Ahmed Zakot/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
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Embaixada dos EUA no Líbano é alvo de protestos • Reprodução CNN
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Palestinos protestam na Cisjordânia contra ataques de Israel
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Hospital em Gaza é atingido por um míssil • Reprodução
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Hospital atacado em Gaza • Reprodução
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Palestinos procuram vítimas sob escombros de casas destruídas por ataque israelense em Rafah, no sul da Faixa de Gaza • 17/10/2023REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa
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Cidadã palestina inspeciona sua casa destruída durante ataques israelenses no sul da Faixa de Gaza em 17 de outubro de 2023 em Khan Yunis • Ahmad Hasaballah/Getty Images
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Tanque de guerra israelense • Saeed Qaq/Anadolu via Getty Images
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Ataque de Israel contra Gaza • 11/10/2023REUTERS/Saleh Salem
PIB e desemprego
A Unctad destaca que embora o PIB palestino tenha crescido 3,9% em 2022, o PIB real per capita ainda estava 8,6% abaixo do nível pré-pandemia, de 2019. Em Gaza, o PIB real ficou 11,7% abaixo do nível de 2019 e perto do seu nível mais baixo desde 1994.
O texto também informa que a taxa de desemprego permaneceu elevada, atingindo 24% no Território Palestino Ocupado (Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental); 13% na Cisjordânia e 45% em Gaza, sendo as mulheres e os jovens os mais atingidos pela falta de trabalho.
O documento afirma que a falta de empregos força muitos palestinos a procurar trabalho em Israel e nos assentamentos israelenses.
Em 2022, 22,5% dos palestinos empregados da Cisjordânia trabalhavam em Israel e em assentamentos israelenses, onde o salário médio é mais elevado. Mas taxas e impostos desconfiados representam 44% do salário bruto, o que elimina o prêmio das vagas de trabalho em Israel.
A dependência excessiva do emprego precário em Israel e dos assentamentos israelenses expõe a economia palestina a choques num ambiente volátil caracterizado por crises frequentes, diz a Unctad.
O relatório revela ainda que a pobreza aumentou em 2022, fazendo com que 40% da população palestina necessitasse de algum tipo de assistência humanitária.
“Três décadas depois dos Acordos de Oslo, a esperada convergência entre a economia palestina e a de Israel continua obstruída pelas políticas de ocupação. Em vez disso, as duas economias divergiram, com o PIB per capita palestino se situando atualmente em apenas 8% do de Israel”, diz o relatório.
Restrições impostas por Israel
A ONU também fala em “uma década e meia de desenvolvimento suprimido” diante da dependência forçada da economia palestina em relação a Israel.
“Os custos excessivos de produção e de transação e as barreiras ao comércio com o resto do mundo resultaram num déficit comercial crônico e numa dependência generalizada e desequilibrada de Israel, que representou 72% do comércio palestino total em 2022”, avalia o relatório.
A Unctad afirma que, desde junho de 2007, Gaza foi alvo de várias operações militares e está sob um cerco terrestre, marítimo e aéreo. E acrescenta que os habitantes de Gaza precisam de licenças para entrar e sair da Faixa por dois pontos de passagem controlados por Israel.
“Restrições ao movimento de pessoas e mercadorias, destruição de ativos produtivos em operações militares frequentes e a proibição da importação de tecnologias e insumos-chave esvaziaram a economia de Gaza”, destaca o documento.
As restrições à circulação também impedem o acesso à saúde e serviços essenciais, prossegue o relatório, já que 80% dos habitantes de Gaza dependem da ajuda internacional.
“Viver em Gaza em 2022 significou confinamento em um dos espaços mais densamente povoados do mundo, sem eletricidade metade do tempo e sem acesso adequado a água limpa ou a um sistema de esgoto adequado.”
O relatório conclui que, devido às restrições impostas, há uma probabilidade de 65% de ser pobre em Gaza; uma chance de 41% de deixar a força de trabalho em situação de desespero; e, para aqueles que procuram trabalho, uma probabilidade de 45% de estarem desempregados.