Gisele Pelicot volta a testemunhar sobre estupros após acusado recorrer
Francesa foi dopada pelo marido que recrutava dezenas de homens online para estuprá-la enquanto ela estava inconsciente ao longo de quase uma década

A francesa Gisele Pelicot deve retornar ao tribunal nesta segunda-feira (6) para enfrentar o único homem, entre todos os 51, que recorreu da sentença de culpa no julgamento por estupro coletivo que chocou a França e atraiu a atenção mundial em 2024.
Pelicot, de 72 anos, tornou-se um símbolo tanto em seu país quanto no exterior por renunciar ao direito ao anonimato e enfrentar seus agressores no tribunal, transformando o julgamento em um exame da prevalência da violência sexual.
O caso gerou reflexão na França, com o país debatendo se deve incluir o consentimento em sua lei de estupro ou se a comunidade médica busca aprofundar sua compreensão sobre agressões facilitadas por drogas.
Dominique Pelicot, que admitiu ter drogado a própria esposa Gisele e recrutado dezenas de homens online para estuprá-la enquanto ela estava inconsciente ao longo de quase uma década, foi condenado a 20 anos de prisão.
Todos os 50 réus também foram considerados culpados de estupro, tentativa de estupro ou agressão sexual.
Entre eles, Husamettin D., 43, foi condenado a nove anos de prisão sob a acusação de estupro qualificado. Um tribunal de apelações na cidade de Nimes, no sul do país, analisará o recurso dele até a quarta-feira (8).
Sua advogada, Sylvie Menvielle, disse que seu cliente acreditava que ele estava participando de um ménage à trois libertino para o qual ele não sabia, na época, que Gisele Pelicot não havia dado seu consentimento, portanto, não podia aceitar o veredito de culpado.
“Ele estava diante de alguém que agia com extraordinária manipulação e perversidade”, disse Menvielle à agência de notícias Reuters, referindo-se a Dominique Pelicot.
No direito penal francês, a intenção é crucial na avaliação da culpa.


