Governadores republicanos enviam militares a Washington em apoio a Trump

Presidente caracterizou Washington como dominada pela violência e pela falta de moradia, descrição rejeitada pelas autoridades locais; estatísticas federais e municipais mostram que os índices de crimes violentos caíram drasticamente desde um pico em 2023

Joseph Ax, da Reuters
Integrantes da Guarda Nacional em Washington, D.C.
Membros da Guarda Nacional em Washington, D.C.18/08/2025  • REUTERS/Ken Cedeno
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Nos Estados Unidos, centenas de soldados adicionais da Guarda Nacional dirigem-se para Washington, vindos de meia dúzia de estados liderados por republicanos, reforçando a iniciativa agressiva do presidente Donald Trump de inundar a cidade com militares e agentes federais no que ele diz ser um esforço para combater crimes violentos.

Os governadores republicanos do Mississippi, Louisiana e Tennessee concordaram em enviar tropas para Washington, dias depois de governadores republicanos da Virgínia Ocidental, Carolina do Sul e Ohio fazerem o mesmo a pedido do governo Trump.

Trump caracterizou Washington como dominada pela violência e pela falta de moradia, descrição rejeitada pelas autoridades locais.

Estatísticas federais e municipais mostram que os índices de crimes violentos caíram drasticamente desde um pico em 2023, embora a taxa de homicídios da cidade continue mais alta do que a maioria das outras grandes cidades dos EUA.

Trump anunciou em 11 de agosto que havia enviado 800 soldados da Guarda para a cidade e assumido temporariamente o controle do Departamento de Polícia da cidade, um exercício extraordinário do poder presidencial sobre a capital dos EUA.

O governo federal também enviou integrantes de diversas agências, incluindo o FBI, para patrulhar as ruas da cidade.

Após uma contestação legal apresentada pelo procurador-geral da cidade, o governo negociou um acordo com a prefeita Muriel Bowser para manter a chefe de polícia Pamela Smith no comando das operações do departamento.

O governador da Louisiana, Jeff Landry, afirmou que aprovou o envio de cerca de 135 soldados da Guarda para Washington, enquanto o governador do Mississippi, Tate Reeves, anunciou o envio de 200 soldados para a capital. O governador do Tennessee, Bill Lee, também encaminhou 160 soldados da Guarda para a cidade, segundo a mídia local.

"O crime está fora de controle lá, e está claro que algo deve ser feito para combatê-lo", disse Reeves em um comunicado.

No total, os seis estados republicanos anunciaram o envio de mais de 1.100 soldados da Guarda para Washington.

Testando os limites

Os soldados da Guarda, a maioria dos quais com empregos civis e servidores em tempo parcial, geralmente respondem a desastres naturais e outras emergências. Embora a Guarda Nacional em Washington se reporte ao presidente, os governadores normalmente controlam a Guarda em seus próprios Estados.

Trump testou essa autoridade em junho, quando ordenou que milhares de integrantes da Guarda Nacional e fuzileiros navais da ativa entrassem em Los Angeles diante da intensificação dos protestos contra as batidas contra a imigração de seu governo. A mobilização ocorreu apesar da oposição do governador democrata da Califórnia, Gavin Newsom.

Um juiz federal em São Francisco avalia se as ações de Trump em Los Angeles foram ilegais, após a Califórnia processar o governo.

A lei federal geralmente proíbe o uso de militares na aplicação da lei, mas há exceções, inclusive para as tropas da Guarda Nacional sob o comando do estado, como a da Califórnia.

Em 2020, durante o primeiro governo de Trump, a Casa Branca solicitou tropas da Guarda de vários estados para ajudar a restaurar a ordem em Washington após protestos por justiça racial. O então procurador-geral Bill Barr disse que a Guarda Nacional permaneceu sob o comando do Estado e foi usada para proteger prédios e funcionários federais.

Mesmo assim, Barr disse que suas funções incluiriam o controle de multidões, a detenção temporária de pessoas e a realização de buscas "superficiais", atividades geralmente associadas à polícia.

Críticos alertam que a experiência de 2020 em Washington pode abrir caminho para o presidente usar tropas armadas contra civis.

Trump sugeriu que poderia ter como alvo outras cidades lideradas por democratas, embora provavelmente enfrentasse mais obstáculos legais do que em Washington, onde o governo federal ainda tem prerrogativas, de acordo com a lei.

Um funcionário da Casa Branca disse nesta terça-feira que as tropas da Guarda em Washington podem portar armas, mas não estão efetuando prisões. Em vez disso, os soldados estão protegendo a propriedade federal e proporcionando "um ambiente seguro para que os agentes da lei efetuem prisões".

Cerca de 465 prisões foram realizadas nos 12 dias desde o início das operações do governo Trump, escreveu nesta terça-feira no X a procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi, uma média de 39 prisões por dia. O Departamento de Polícia Metropolitana da cidade prendeu uma média de 61 adultos e jovens por dia em 2024, de acordo com as estatísticas da cidade.