Governo da França pode cair após votação; o que acontece em seguida?
Segundo especialista, país deve passar por período de instabilidade política, independentemente do resultado no Parlamento

O governo da França, sob o comando do primeiro-ministro François Bayrou, parece estar prestes a cair, visto que o premiê enfrentará um voto de desconfiança nesta segunda-feira (8).
Bayrou convocou a votação para tentar aprovar planos impopulares relacionados ao Orçamento em 2026, e partidos de oposição afirmaram que votarão contra ele.
Porém, independentemente do que aconteça, o país parece estar fadado a passar por um período de instabilidade política, disse um analista à agência Reuters.
O presidente Emmanuel Macron descartou até agora a realização de eleições antecipadas caso Bayrou perca, fazendo com que ele provavelmente tenha que encontrar um novo premiê – possivelmente de centro-esquerda, depois que suas últimas quatro escolhas de centro direita não conseguiram lidar com um Parlamento fragmentado.
O professor de ciência política Kevin Arceneaux afirmou à Reuters que é difícil imaginar como um novo premiê poderia encontrar apoio suficiente para aprovar um Orçamento.
Com base nas pesquisas atuais, parece improvável que novas eleições alterem a composição das cadeiras na Assembleia Nacional Francesa e produza uma maioria clara para qualquer grupo político.
Um grande ponto de discordância é que há pouco consenso entre os partidos sobre como reduzir a dívida da França, que subiu para 113,9% do PIB, e um déficit que foi quase o dobro do limite de 3% da União Europeia no ano passado.
"As forças de centro direita querem fazer isso reduzindo os gastos, especialmente com serviços sociais. Os da esquerda querem fazer isso aumentando os impostos sobre os ricos. E essas duas ideias são incompatíveis", explicou Arceneaux.
O especialista ressaltou que não deve haver uma resolução rápida após a votação. Mas o melhor cenário seria que um novo primeiro-ministro "consiga elaborar um orçamento que possa ser aprovado e agrade aos investidores financeiros".
Mesmo que isso aconteça, "será na reta final", acrescentou Arceneaux.