Grupos de extrema-direita e imigrantes entram em confronto na Espanha
Discriminação contra moradores estrangeiros na região de Torre-Pacheco acontece há mais de 20 anos

Manifestações violentas entre grupos de extrema-direita, moradores e imigrantes norte-africanos tomaram as ruas da cidade de Torre-Pacheco, no sudeste da Espanha, na noite de sábado (12).
Os conflitos acontecem após um ataque a um idoso por agressores desconhecidos no início da semana.
Cinco pessoas ficaram feridas e uma foi presa em um dos piores episódios do tipo no país nas últimas décadas, disseram autoridades à agência de notícias Reuters.
A cidade estava mais tranquila neste domingo (13), mas fontes do governo disseram que mais prisões podem acontecer.
Vídeos postados nas redes sociais mostraram homens vestidos com roupas com símbolos da extrema-direita e imigrantes carregando bandeiras marroquinas atirando objetos uns contra os outros.
A tensão aumentou entre moradores depois que um idoso foi atacado na rua na quarta-feira (9). Os motivos da agressão ainda não são claros e ninguém foi preso.
A representante do governo central na região, Mariola Guevara, disse à TV pública espanhola que o ataque estava sendo investigado.
Ela também denunciou “discurso de ódio” e “incitação à violência”, à medida que grupos de extrema-direita se deslocavam para a cidade, e disse que mais agentes da Guarda Civil seriam mobilizados para lidar com a violência.
Forte presença de imigrantes
Quase um terço da população de Torre-Pacheco é de origem estrangeira, segundo dados do governo local. A área ao redor da cidade, que fica na região de Múrcia, também abriga um grande número de imigrantes que trabalham como agricultores, um dos pilares da economia regional.
Há menos de duas semanas, o governo de Múrcia teve que recuar com uma proposta de compra de moradias para acomodar imigrantes menores de idade e desacompanhados.
O Partido Popular (PP), sigla conservadora no poder que propôs as moradias, foi ameaçado pelo partido de extrema-direita Vox, cujo apoio é necessário ao PP para sancionar leis e projetos.
Há 25 anos, no ano 2000, protestos anti-imigração já haviam acontecido no país. Na cidade de El Ejido, em Almeria, no sul da Espanha, as pessoas foram para as ruas após três cidadãos espanhóis serem mortos por imigrantes marroquinos.