Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Guerra na Ucrânia põe em risco 7,5 milhões de crianças e adolescentes, diz Unicef

    Especialistas ouvidos pela CNN explicam que afetados pelo conflito estão vulneráveis à separação familiar, traumas psicológicos e prejuízos na educação

    Elis Barretoda CNN , Rio de Janeiro

    O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alerta para a ameaça à vida e ao bem-estar de 7,5 milhões de crianças e adolescentes ucranianos. De acordo com a instituição, pelo menos 500 mil meninos e meninas já deixaram a Ucrânia e se tornaram refugiados, após a invasão russa. Além do deslocamento forçado, a população infanto-juvenil sofre o risco de interrupção dos estudos, traumas psicológicos e bombardeios, segundo afirmaram especialistas à CNN.

    O porta-voz da Agência da ONU para Refugiados (Acnur) no Brasil, Luiz Fernando Godinho, aponta que outro problema enfrentado é a separação das crianças e adolescentes das famílias. “No caso da Ucrânia, homens adultos de 18 a 60 anos não estão permitidos de deixar o país, então eles passam por essa separação familiar e acabam tendo um trauma adicional. Vimos várias cenas de pais se despedindo, isso é um trauma terrível. Tivemos também relatos de famílias que estão desistindo de deixar a Ucrânia porque o pai não pode acompanhar a família”, conta.

    Godinho explica também que a maior disponibilidade de armas no país deixa as crianças vulneráveis a casos de recrutamento forçado por grupos armados, legais ou ilegais. De acordo com o Unicef, entre 2011 e 2020, mais de 5.700 crianças foram recrutadas para lutar na guerra na Síria, por exemplo, algumas com apenas sete anos de idade.

    Segundo Godinho, nesta quarta-feira (9), uma avaliação da Acnur sobre a população infanto-juvenil em risco dentro da Ucrânia constatou a possibilidade de exposição a bombardeios, minas terrestres, falta de liberdade de movimento e separação familiar.

    “Os centros de deslocados estão com problemas de superlotação, então não tem separação por família ou gênero. E esse risco de violência de gênero e sexual se intensifica em crianças e adolescentes. A situação dentro da Ucrânia é mais complicada ainda pela ação militar em curso”, aponta.

    A Especialista CNN em educação, Claudia Costin, explica que os impactos no desenvolvimento das crianças vão além dos prejuízos à aprendizagem e incluem a adaptação a um país diferente. “Tem um outro problema que é o idioma. Porque se eles saem em situação de refúgio, entram numa escola em que as crianças falam uma outra língua. Lógico que a criança acaba aprendendo, até mais fácil que os adultos, mas é mais um elemento de tensão e de provável bullying ou sofrimento escolar dessa criança que vai ter que se adaptar”, avalia a especialista.

    No Afeganistão, outro país impactado por conflitos nos últimos anos, de acordo com o Unicef, calcula-se que 4,2 milhões de crianças estejam fora da escola, incluindo mais de 2,2 milhões de meninas. De janeiro a agosto do ano passado, a ONU havia documentado mais de 2 mil violações graves dos direitos das crianças no país.

    Claudia Costin destacou ainda uma consequência da separação familiar para as crianças que ocorreu na guerra na Angola, finalizada 2002. Segundo a especialista, após o conflito, muitos órfãos acabaram morando nas ruas, devido ao desamparo e à falta de assistência.

    O Unicef condenou uma série de seis violações graves contra crianças e adolescentes em tempos de guerra. São elas: violência contra crianças e adolescentes; recrutamento ou uso de crianças e adolescentes nas forças armadas e grupos armados; ataques a escolas ou hospitais; violência sexual; rapto de crianças e adolescentes; e recusa de acesso humanitário para o público infanto-juvenil.

    Nesta quarta-feira, o conselho da cidade de Mariupol, no sul da Ucrânia, postou um vídeo de uma maternidade devastada na cidade e acusou as forças russas de lançar várias bombas em ataques aéreos. “A destruição é enorme. O prédio do centro médico onde as crianças foram tratadas recentemente está completamente destruído. As informações sobre vítimas estão sendo esclarecidas”, disse o conselho.

    Até o momento, de acordo com o principal oficial de segurança da Ucrânia, Oleksiy Danilov, 67 crianças morreram no país desde o início da invasão russa.

    Tópicos