Homem acusado de matar ex-premiê do Japão vai a julgamento na terça (28)

Atirador foi preso no local do crime com uma arma artesanal

Kiyoshi Takenaka, da Reuters
Enlutados por Shinzo Abe oferecem flores perto da entrada do prédio da sede do Partido Liberal Democrático (LDP) em Tóquio, Japão.  • Anadolu Agency via Getty Images
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O homem acusado de matar a tiros o ex-primeiro-ministro do Japão Shinzo Abe deve ir a julgamento nesta terça-feira (28), três anos após o crime que chocou uma nação onde a violência armada e os atentados políticos são extremamente raros.

O julgamento começa no mesmo dia em que dois antigos aliados de Abe — a atual primeira-ministra Sanae Takaichi e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que está em visita oficial — realizam uma cúpula.

Tetsuya Yamagami, de 45 anos, foi preso no local do ataque em julho de 2022, após supostamente disparar contra Abe com uma arma artesanal enquanto o ex-premiê fazia um discurso durante a campanha eleitoral na cidade de Nara, no oeste do Japão.

Yamagami culpou Shinzo Abe por promover a Igreja da Unificação, um grupo religioso contra o qual ele nutria ressentimento depois que sua mãe doou cerca de 100 milhões de ienes (aproximadamente US$ 663 mil), segundo a mídia local.

A Igreja da Unificação foi fundada na Coreia do Sul em 1954. É conhecida por seus casamentos coletivos e tem entre seus principais sustentadores seguidores japoneses.

Após passar por audiências preliminares, Yamagami deve admitir o assassinato, mas contestar partes da acusação relacionadas a violações da Lei de Controle de Armas e Espadas e da Lei de Fabricação de Armamentos, informou um funcionário do Tribunal Distrital de Nara.

O assassinato foi seguido por revelações de que mais de uma centena de parlamentares do Partido Liberal Democrata de Abe tinham ligações com a Igreja da Unificação, o que reduziu o apoio público ao partido governista, agora liderado por Takaichi.

Após a primeira sessão do tribunal nesta terça-feira, outras 17 audiências estão programadas até o fim do ano, antes da sentença, prevista para 21 de janeiro.