Impasse entre ortodoxos e árabes dificulta formação de coalizão de Netanyahu
Líder do partido Sionismo Religioso afirmou que não fará parte de governo que tenha qualquer tipo de apoio, direto ou indireto, da Lista Árabe Unida
As perspectivas do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu de formar um novo governo de coalizão após uma eleição dividida ficaram ainda mais complicadas nesta quinta-feira (25) após a recusa de um grupo ortodoxo de fazer parte de uma coalizão que envolva também um partido islâmico.
As contagens parciais da votação de terça-feira (23) mostraram o Likud, partido de Netanyahu, e facções ideologicamente próximas, com menos do que o necessário para uma maioria no Parlamento de 120 assentos – aumentando a possibilidade de ele buscar algum tipo de acordo com a Lista Árabe Unida (UAL).
Embora os analistas políticos considerem improvável a inclusão do UAL – que deve ficar com quatro cadeiras – em um governo liderado por Netanyahu, alguns previram que o partido poderia se comprometer a não apoiar nenhuma moção de desconfiança da oposição.
Em troca de tal proteção de um aliado improvável, Netanyahu concordaria com medidas para melhorar as condições para a minoria árabe de Israel, que representa 21% da população, disseram os analistas.
Mas o Sionismo Religioso, um partido ultranacionalista dirigido por colonos judeus e com previsão de conquistar seis cadeiras no Parlamento, indicou que Netanyahu não poderia contar com seu apoio se ele chegasse a um acordo com a UAL, que defende pautas pró-palestina.
"Nenhum governo de direita alinhado ao UAL surgirá. Ponto final. Nem (com o UAL) do lado de dentro, nem do lado de fora, nem por meio da abstenção, nem por meio de algum outro tipo de (esquema)", disse o líder do Sionismo Religioso, Bezalel Smotrich, no Facebook.
A UAL sinalizou abertura para apoiar o próximo governo, seja de Netanyahu ou de seu rival centrista Yair Lapid, que, com políticos com ideias semelhantes, parece a caminho de controlar 57 cadeiras.
Uma coalizão liderada por Netanyahu incluindo o Sionismo Religioso teria 52 deputados, mostram os resultados parciais.
"Às vezes, as coalizões incluem pessoas que realmente não gostam umas das outras", disse Waleed Taha, da UAL, à Rádio do Exército de Israel.
Ele disse que seu partido não estava, neste momento, "falando sobre melhorar nossos papéis pessoais" – uma alusão a cargos de gabinete.
Questionado sobre se a UAL poderia, da oposição, fornecer apoio parlamentar ad-hoc para uma coalizão liderada por Netanyahu com o Sionismo Religioso, Taha disse que a responsabilidade recai sobre os que são de extrema-direita.
Outro político com potencial, o ex-ministro da Defesa Naftali Bennett, cujo partido nacionalista Yamina parece ter conquistado sete cadeiras, não se comprometeu com qual caminho seguirá.
Os resultados finais da quarta eleição do país politicamente polarizado em dois anos devem ser anunciados na noite desta quinta-feira (25) ou na sexta-feira (26).