Incêndio e tiros: Saiba como foi ataque de ex-fuzileiro a igreja nos EUA
Ao menos quatro pessoas foram mortas e oito ficaram feridos em ação de ex-fuzileiro naval que invadiu capela da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias

Na manhã de domingo (28), um ex-fuzileiro naval e veterano da guerra do Iraque invadiu com um caminhão uma capela da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, atirou em fiéis com uma arma de assalto e incendiou o local, no estado americano do Michigan.
Pelo menos quatro pessoas foram mortas na igreja. Outras oito ficaram feridas. E até sete pessoas podem estar desaparecidas enquanto as equipes de resgate retomam a busca nos escombros da construção.
O agressor morreu em um tiroteio com a polícia. Não está claro por que ele atacou o local em particular. O FBI investiga o ataque como um ato de violência direcionada, informaram as autoridades.
“O FBI está atualmente executando vários mandados de busca nas residências e casas da família deste criminoso para tentar descobrir por que ele cometeria tal ato maligno”, declarou a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, à Fox News na manhã desta segunda-feira (29), citando uma conversa anterior com o diretor do FBI, Kash Patel.
“Com base nas minhas conversas com o diretor do FBI, tudo o que eles sabem agora é que se tratava de um indivíduo que odiava pessoas da fé mórmon, e estão tentando entender mais sobre isso, o quão premeditado foi, quanto planejamento foi feito, se ele deixou um bilhete”, relatou ela, acrescentando que a família do suspeito está cooperando.
Ataques a tiros nos Estados Unidos
A capela na McCandlish Road, um trecho tranquilo pontilhado de casas perto de um extenso campo de golfe e lago, estava entre os 324 tiroteios em massa neste ano nos Estados Unidos.
É também o mais recente local de culto devastado pela violência armada implacável nos EUA — de uma igreja católica em Minneapolis a uma sinagoga em Pittsburgh e um templo sikh em Wisconsin.
Os domingos “devem ser um momento de paz e um momento de reflexão e adoração”, expressou Timothy Jones, que pertence a uma congregação da igreja a 15 minutos do local do crime, à agência de notícias Associated Press.
Mas, na sequência da violência em locais de culto, um tiroteio “parece inevitável”, continuou ele, “e ainda mais trágico por causa disso”.
“Um grande estrondo, e as portas se abriram”
A celebração em andamento no momento do ataque, segundo a Igreja, é chamada de “Domingo de Jejum”, quando os membros em todo o mundo são incentivados, uma vez por mês, a abrir mão de duas refeições e doar a comida, ou o dinheiro que gastariam com comida, aos pobres.
“Este é um domingo em que os membros da igreja estão sendo incentivados a pensar nas outras pessoas, a serem caridosos, a serem gentis, a estender a mão e a doar”, explicou Matthew Bowman, professor de história e religião na Claremont Graduate University.
O jejum também é comum na igreja em momentos de luto — e aqueles que se dirigiam ao culto semanal das 10h, na cidade de Grand Blanc, tinham motivos para isso.
Um dia antes, o líder da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, o presidente Russell M. Nelson, havia falecido.
No final da manhã de domingo (28), os fiéis tinham acabado de terminar o Sacramento — a primeira metade do culto de duas horas, após o qual algumas pessoas vão embora — quando o ataque aconteceu, contou uma frequentadora da igreja chamada Paula à afiliada da CNN, WXYZ.
“Ouvimos um grande estrondo”, disse ela, “e as portas se abriram”.
Uma picape de quatro portas com duas bandeiras americanas apoiadas na janela traseira, na caçamba, bateu na frente da capela.
O suspeito de 40 anos, Thomas Jacob Sanford, disparou diversos tiros de uma arma de assalto contra os fiéis, informou a polícia posteriormente.

O frequentador da igreja, Brian, estava tentando ajudar algumas senhoras idosas a entrarem em seu carro quando o atirador abriu fogo contra o veículo delas, relatou ele à WXYZ.
“Estávamos tentando reunir o máximo de pessoas possível”, disse Brian, com a camisa social manchada de sangue e a mão direita envolta em gaze. “Vi o atirador sair do prédio e, naquele momento, comecei a tentar ir embora.”
Paula não conseguia ver o atirador, disse ela, e não sabia se ele havia entrado na igreja. “Eu não sabia se precisávamos descer porque não víamos ninguém”, relembrou ela.
Os fiéis correram para proteger as crianças, levando ela para um local seguro, disse o chefe de polícia do município de Grand Blanc, William Renye, ainda no domingo.
Quando enfermeiros em greve no vizinho Hospital Henry Ford Genesys souberam do ataque, alguns abandonaram o piquete e correram para a igreja próxima para ajudar os socorristas, contou o presidente do sindicato local 332 dos caminhoneiros, Dan Glass.
“Vidas humanas importam mais do que nossa disputa trabalhista”, afirmou ele.
Mas os tiros não eram o único perigo. Um incêndio havia começado no salão de reuniões de tijolos vermelhos da igreja.
“De repente, vi fumaça saindo”, relatou Cindy Walsh, que estava em casa perto da capela, à WXYZ. “E então as pessoas começaram a sair.”
Busca exaustiva por vítimas continua
Policiais chegaram ao local cerca de 30 segundos após a primeira ligação, informou o chefe da polícia. Dois deles perseguiram o suspeito e “trocaram tiros”.
Após oito minutos da chegada das autoridades, o atirador foi morto no estacionamento.
Enquanto isso, o fogo se espalhava rapidamente, consumindo rapidamente a capela — com um número desconhecido de pessoas ainda na igreja — enquanto lançava enormes nuvens de fumaça preta e espessa.
Ao pôr do sol, as equipes ainda vasculhavam os escombros e “trabalhavam incansavelmente para encontrar mais corpos”, disse a autoridade, acrescentando que não podia confirmar o número exato de pessoas desaparecidas.
Até sete pessoas podem estar desaparecidas, afirmou uma fonte policial familiarizada com a investigação à CNN na noite de domingo (28).
Construção de capela é “perda total”
As autoridades estão “tentando determinar exatamente quando, onde e como o incêndio começou”, embora acreditem que o atirador tenha iniciado o incêndio “deliberadamente”, acrescentou o chefe.
Algumas vítimas estavam “perto do fogo e não conseguiram sair da igreja”, continuou ele.
Sanford usou um acelerador, como gasolina, acredita a polícia, para incendiar a igreja, disse James Deir, agente especial encarregado da divisão de campo de Detroit do Departamento de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos.
Técnicos de perícia foram examinar a cena após o incêndio ter sido extinto, e os investigadores disseram ter encontrado “alguns dispositivos explosivos suspeitos”.
“Estou abalado, muito abalado”, disse Walsh. “Vi uma mudança neste mundo. Há tanto ódio neste mundo. Eu simplesmente não entendo.”
A capela, antes banhada pela luz do sol e cercada por vegetação, agora está irreconhecível. O prédio é uma “perda total”, exclamou Renye.
Pilhas de entulho substituíram os bancos; a acolhedora casa de reuniões fechou suas portas; e a crescente tristeza da Igreja SUD aumentou.
E a alta torre branca, que antes se elevava sobre os fiéis de Grand Blanc em direção ao céu, desapareceu.


