Irã pede que agência nuclear da ONU pare de agir de maneira "dupla"

Presidente iraniano impôs a condição para que país volte a cooperar com o órgão

Mark Heinrich, da Reuters
Bandeira com logo da AIEA em Viena  • 10/7/2019 REUTERS/Lisi Niesner
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O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, declarou nesta quinta-feira (10) que a agência nuclear da ONU deveria abandonar seus “padrões duplos” se Teerã quiser retomar a cooperação com ela em relação ao programa nuclear da República Islâmica, informou a mídia estatal iraniana.

Pezeshkian promulgou na semana passada uma lei suspendendo a cooperação com a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), e a AIEA informou ter retirado seus últimos inspetores restantes do Irã.

As relações entre o país e a agência pioraram desde que os Estados Unidos e Israel bombardearam instalações nucleares iranianas em junho, alegando que queriam impedir que Teerã desenvolvesse uma arma atômica.

O Irã afirma que seu programa nuclear tem fins exclusivamente pacíficos e nega buscar armas atômicas.

“A continuidade da cooperação do Irã com a agência (AIEA) depende de esta corrigir seus padrões dúbios em relação à questão nuclear”, afirmou Pezeshkian, por telefone, ao presidente do Conselho Europeu, Antonio Costa, segundo a mídia estatal.

“Qualquer agressão repetida (contra o Irã) será recebida com uma resposta mais decisiva e lamentável”,
alertou.

Teerã acusa a AIEA de não condenar os ataques dos Estados Unidos e de Israel e afirma que a agência nuclear abriu caminho para o bombardeio ao emitir uma resolução declarando o Irã em violação de suas obrigações de não proliferação.

“A não observância do princípio de imparcialidade nos relatórios é um dos exemplos que lança dúvidas sobre o status e a credibilidade da AIEA”, disse Pezeshkian.

O bombardeio das instalações nucleares do Irã levou a uma guerra de 12 dias, durante a qual Teerã lançou drones e mísseis contra Israel.

Os inspetores da agência não conseguiram inspecionar as instalações iranianas desde a campanha de bombardeios, embora o chefe da AIEA, Rafael Grossi, tenha declarado que essa é sua principal prioridade.