Jornalistas atingidos no Líbano estavam claramente identificados como imprensa, mostra análise da CNN
Explosão repentina matou um jornalista da Reuters e feriu ao menos outros seis
Os jornalistas que foram atingidos quando as forças israelenses atacaram o Líbano na sexta-feira (13) usavam coletes à prova de balas claramente rotulados como “imprensa”, segundo declarações oficiais e vídeos analisados pela CNN.
A explosão repentina matou um cinegrafista da Reuters e feriu ao menos outros seis.
Veja também — Jornalista da Reuters é morto no sul do Líbano
Jornalistas das organizações internacionais de notícias Al Jazeera, Agence France Presse e Reuters estavam entre as vítimas, de acordo com declarações dos meios de comunicação.
Aproximadamente na mesma hora, por volta das 17 horas no horário local, os militares israelenses disseram ter disparado artilharia contra território libanês depois de uma cerca fronteiriça ter explodido perto do kibutz de Hanita. Os militares israelenses não responderam ao pedido de comentários da CNN.
Hanita fica do outro lado da fronteira da cidade libanesa de Alma Chaab, onde o grupo de jornalistas cobria a troca de tiros, mostra a análise de vídeos feita pela CNN.
Uma transmissão ao vivo da Reuters mostrou fumaça subindo na área, de acordo com a geolocalização da CNN, antes de um estrondo ser ouvido.
No instante seguinte, a lente da câmera fica repentinamente coberta de poeira e uma mulher pode ser ouvida gritando ao fundo.
“Oh Deus. Oh Deus. O que está acontecendo? … Não consigo sentir minhas pernas”, diz a jornalista chorando.
Christina Assi, jornalista da Agence France Presse, pôde ser vista em outro vídeo após o acontecimento deitada no chão com ferimentos nas pernas.
O cinegrafista da Reuters, Issam Abdallah, foi encontrado morto após o ataque. Ele estava operando o sinal ao vivo que registrou o momento, informou a Reuters.
Postagens nas redes sociais mostram que as vítimas estavam claramente identificadas como imprensa. Uma hora antes do ataque, Assi postou um vídeo nos stories do Instagram mostrando todo o grupo usando capacetes e coletes de proteção com a identificação “Imprensa”.
Abdallah postou no Instagram pouco antes de sua morte uma foto sua usando um capacete e um colete de imprensa, fumaça subindo ao longe atrás dele, com sua localização indicada sendo Alma Chaab.
Mais tarde, um vídeo que revelou seu corpo carbonizado mostrava o mesmo local em Alma Chaab, de acordo com a análise de geolocalização da equipe de código aberto da CNN. A poucos metros de distância, um veículo pôde ser visto em chamas.
O local foi geolocalizado pela primeira vez pelo especialista em código aberto Benjamin Pittet, da Geoconfirmed.
Em vídeos verificados pela CNN sobre o impacto do ataque, ao menos dois outros jornalistas são vistos ensanguentados.
Em uma dessas imagens, o jornalista americano Dylan Collins, da AFP, é visto com a cabeça e o pulso envoltos em um curativo ensanguentado, a camisa manchada de sangue e coberta de poeira, recebendo cuidados médicos.
Atrás da gravação, alguém disse: “Deixe esse, salve quem você puder”.
FOTOS — Veja imagens do conflito entre Israel e Hamas
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Acredita-se que o Hamas esteja abrigando no subsolo um número considerável de combatentes e armas • Reuters
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O conflito entre Israel e Hamas começou em 7 de outubro quando o grupo extremista islâmic disparou uma chuva de foguetes lançados da Faixa de Gaza sobre o país judaico. A ofensiva contou ainda com avanços de tropas por terra e pelo mar • Reuters
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Foguetes disparados em Israel a partir de Gaza • REUTERS/Amir Cohen
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Após os ataques aéreos, o Hamas avançou no território israelense e invadiu a área onde estava acontecendo um festival de música eletrônica; mais de 260 corpos foram encontrados no local • Reprodução CNN
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Carros foram deixados para trás pelos motoristas que tentavam fugir do grupo extremista islâmico • Reuters
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Imagens mostram carros abandonados e sinais de explosões após ataque em festival de música eletrônica em Israel • Reuters
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As forças israelenses responderam com uma contraofensiva que atingiu Gaza e deixou vítimas, inclusive, em campos de refugiados. Israel declarou "cerco total" e suspendeu o abastecimento de água, energia, combustível e comida ao território palestino • 13/10/2023 REUTERS/Violeta Santos Moura
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Destruição em campo de refugiados palestinos em Gaza após ataque aéreo de Israel • Reuters
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Pessoas carregam o corpo de palestino morto em ataque israelense no campo de refugiados de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza • 09/10/2023 REUTERS/Mahmoud Issa
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Campo de refugiados palestinos atingido em meio a ataques aéreos israelenses em Gaza • Reuters
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Prédios destruídos na Faixa de Gaza • Ahmad Hasaballah/Getty Images
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Escombros de prédio destruído após sataques em Sderot, no sul de Israel • Ilia Yefimovich/picture alliance via Getty Images
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Delegacia destruída no sul de Israel após ataque do Hamas • REUTERS/Ronen Zvulun
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Palestinos queimam pneus de carros e bloqueiam estradas enquanto entram em confronto com as forças israelenses no distrito de Beit El, em Ramallah, na Cisjordânia • Anadolu Agency via Getty Images
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As Brigadas Izz ad-Din al-Qassam seguram uma bandeira palestina enquanto destroem um tanque das forças israelenses em Gaza • Hani Alshaer/Anadolu Agency via Getty Images
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Bombeiros tentaram apagar incêndios em Israel após bombardeio de Gaza no sábado (7) • Reuters
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Foguetes disparados de Gaza em direção a Israel na manhã de sábado (7) • CNN
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Veja como funciona o sistema antimíssil de Israel • CNN
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Ataque israelense na Faixa de Gaza • 10/10/2023 REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa
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Casas e prédios destruídos por ataques aéreos israelenses em Gaza • 10/10/2023 REUTERS/Shadi Tabatibi
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Tanque de guerra israelense estacionado perto da fronteira de Gaza • Ahmed Zakot/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
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Imagens se satélite mostram destruição na Faixa de Gaza • Reprodução/Reuters
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Salva de foguetes é disparada por militantes do Hamas de Gaza em direção a cidade de Ashkelon, em Israel, em 10 de outubro de 2023. • Saeed Qaq/Anadolu via Getty Images
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Salva de foguetes é disparada por militantes do Hamas de Gaza em direção a cidade de Ashkelon, em Israel, em 10 de outubro de 2023. • Majdi Fathi/NurPhoto via Getty Images
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Barco de pesca pega fogo no porto de Gaza após ser atingido por ataques de Israel. • Reuters
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Palestinos caminham em meio a destroços de prédios destruídos por Israel em Gaza • 10/10/2023REUTERS/Mohammed Salem
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Palestinos caminham em meio a destroços de prédios em Gaza destruídos por ataques de Israel • 09/10/2023REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa
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Soldados israelenses carregam corpo de vítima de ataque realizado por militantes de Gaza no kibbutz de Kfar Aza, no sul de Israel • 10/10/2023 REUTERS/Violeta Santos Moura
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Destruição em Gaza provocada por ataques israelenses • 10/10/2023REUTERS/Mohammed Salem
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Ataque israelense na Faixa de Gaza • 10/10/2023 REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa
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Casas e prédios destruídos por ataques aéreos israelenses em Gaza • 10/10/2023 REUTERS/Shadi Tabatibi
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Munição israelense é vista em Sderot, Israel, na segunda-feira • Mostafa Alkharouf/Anadolu Agency via Getty Images
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Tanque de guerra israelense estacionado perto da fronteira de Gaza • Ahmed Zakot/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
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Chamas e fumaça durante ataque israelense a Gaza • 09/10/2023REUTERS/Mohammed Salem
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Sistema antimísseis de Israel intercepta foguetes lançados da Faixa de Gaza • 09/10/2023REUTERS/Amir Cohen
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Hospital na Faixa de Gaza usa geladeiras de sorvete para colocar cadáveres devido à superlotação do necrotério • Ashraf Amra/Anadolu via Getty Images
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Fumaça sobe após um ataque aéreo israelense no oitavo dia de confrontos na Faixa de Gaza, em 14 de outubro de 2023 • Ali Jadallah/Anadolu via Getty Images
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Homem palestino lava as mãos em uma poça ao lado de um prédio destruído após os ataques israelenses na Cidade de Gaza • Ahmed Zakot/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
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Embaixada dos EUA no Líbano é alvo de protestos • Reprodução CNN
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Palestinos protestam na Cisjordânia contra ataques de Israel
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Hospital em Gaza é atingido por um míssil • Reprodução
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Hospital atacado em Gaza • Reprodução
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Palestinos procuram vítimas sob escombros de casas destruídas por ataque israelense em Rafah, no sul da Faixa de Gaza • 17/10/2023REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa
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Cidadã palestina inspeciona sua casa destruída durante ataques israelenses no sul da Faixa de Gaza em 17 de outubro de 2023 em Khan Yunis • Ahmad Hasaballah/Getty Images
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Tanque de guerra israelense • Saeed Qaq/Anadolu via Getty Images
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Ataque de Israel contra Gaza • 11/10/2023REUTERS/Saleh Salem
Israel e combatentes armados no Líbano têm realizado troca de tiros na fronteira entre os dois países desde o fim de semana passado, logo em seguida ao ataque surpresa do Hamas, provocando uma espiral de tensões na região.
O Hezbollah, um grupo armado libanês apoiado pelo Irã, disse que disparou contra quatro pontos israelenses diferentes na sexta-feira.
Nenhuma parte assumiu a responsabilidade pela explosão na fronteira perto de Hanita, mas sabe-se que combatentes palestinos no Líbano lançaram ataques contra Israel durante a última semana.
Minutos depois da declaração dos militares israelenses reconhecendo que tinham disparado contra o território libanês, a agência de notícias estatal do Líbano divulgou duas declarações dizendo que Israel tinha disparado vários tiros de artilharia contra Alma Chaab e áreas próximas.
Uma fonte da segurança libanesa afirmou à CNN que um helicóptero Apache também foi visto sobre o local onde os jornalistas foram atacados e que um tanque – que pode ter disparado o projétil – estava no lado israelense da fronteira.
Na sexta-feira, uma equipe da CNN encontrou com Abdallah, o jornalista da Reuters que morreu, em um comício pró-Palestina que estava sendo coberto por jornalistas na cidade fronteiriça de Maroun el-Ras.
Jornalista experiente que cobre conflitos no Médio Oriente há muitos anos, ele parecia estar de bom humor.
Abdallah tinha um vídeo sendo transmitido ao vivo no Instagram que funcionou por horas depois de sua morte.
Sua última postagem na rede social foi uma foto da falecida jornalista palestina Shireen Abu Akleh, que a CNN descobriu ter sido provavelmente morta pelas forças israelenses enquanto cobria um ataque do país na Cisjordânia ocupada no ano passado.
*Ben Wedeman e Charbel Mallo, da CNN, contribuíram para esta reportagem