Jovem morto em submarino queria quebrar recorde mundial de cubo mágico debaixo d’água, diz mãe
Christine Dawood concedeu primeira entrevista após perder marido e filho no submersível Titan
Christine Dawood, cujo marido Shahzada e filho Suleman morreram a bordo do submersível Titan, revelou que o jovem de 19 anos era obcecado por cubo mágico e conseguia resolver o quebra-cabeça em 12 segundos.
“Suleman não foi a lugar nenhum sem seu cubo de Rubik [cubo mágico]”, disse Dawood à BBC em sua primeira entrevista desde a tragédia. “Ele disse: ‘Vou resolver o cubo de Rubik 3.700 metros abaixo do mar no Titan'”, acrescentou ela.
“Ele estava tão empolgado com isso”, disse Dawood sobre o filho, descrevendo como aprendeu sozinho a resolver o quebra-cabeça usando vídeos do YouTube.
Dawood também revelou que conheceu o marido Shahzada na universidade e lembrou como sua grande curiosidade sobre o mundo fazia com que a família assistisse a documentários juntos.
“Ele tinha essa capacidade de entusiasmo infantil”, disse ela.
A família planejava uma viagem no submersível Titan há algum tempo, disse Dawood, mas foi adiada pela pandemia de Covid-19. Ela havia planejado originalmente fazer a viagem com o marido porque Suleman era muito jovem na época.
“Então eu recuei e dei espaço para Suleman porque ele realmente queria ir”, disse Dawood. “Fiquei muito feliz por eles porque os dois realmente queriam fazer isso por muito tempo”, acrescentou ela.
Questionada sobre como se sentia agora com o filho tomando seu lugar no submersível, Dawood se recusou a responder.
Ela contou o momento em que aqueles a bordo do navio de apoio Polar Prince – incluindo ela e sua filha de 17 anos, Alina – foram informados de que a equipe não conseguia mais se comunicar com o Titan.
“Eu não compreendi naquele momento o que isso significava – e então tudo piorou a partir daí”, disse ela. Todos pensaram que o submersível ressurgiria, acrescentou Dawood. “Havia muita esperança”, disse ela.
“Acho que perdi a esperança quando passamos da marca de 96 horas”, disse Dawood, acrescentando que naquele momento ela enviou uma mensagem para sua família.
“Eu disse: ‘Estou me preparando para o pior’. Foi quando perdi a esperança”, disse ela.
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O submarino da operadora de turismo OceanGate desapareceu no último domingo (18) depois de uma expedição aos destroços do Titanic, na costa de St John’s, Newfoundland, no Canadá. Destroços da embarcação foram encontrados na quinta-feira (22). As cinco pessoas que estavam a bordo morreram (veja na sequência). • OceanGate
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Entre os mortos estava o milionário Shahzada Dawood, empresário paquistanês e curador do Instituto Seti (foto), organização de pesquisa na Califórnia. Seu filho, Sulaiman Dawood, também estava na embarcação. • Engro
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O bilionário britânico e dono da Action Avision, Hamish Harding, morador dos Emirados Árabes Unidos, também está entre os mortos no acidente. • Engro
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Outro nome que estava na embarcação era o do aventureiro e mergulhador Paul-Henri Nargeolet • Engro
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O quinto passageiro a bordo do submersível com destino aos destroços do Titanic era Stockton Rush, CEO e fundador da OceanGate, empresa que liderou a viagem • Reprodução
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Nesta imagem, todos os falecidos, a partir da esquerda: Hamish Harding, Shahzada Dawood, Suleman Dawood, Paul-Henri Nargeolet e Stockton Rush Obtido • Reprodução/CNN
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Um submersível, como Titan, é um tipo de embarcação – mas tem algumas diferenças importantes em relação ao submarino mais conhecido. Ao contrário dos submarinos, um submersível precisa de uma embarcação para lançá-lo. O navio de apoio do Titan era o Polar Prince, antigo navio quebra-gelo da Guarda Costeira canadense, de acordo com o co-proprietário do navio, Horizon Maritime. • Arte CNN
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A expedição começou com uma jornada de 740 quilômetros até o local do naufrágio, que fica a cerca de 1448 quilômetros da costa de Cape Cod, Massachusetts, nos EUA. Mas perdeu contato com uma tripulação do Polar Prince, navio de apoio que transportou a embarcação até o local, 1 hora e 45 minutos após a descida no domingo (18). • Reprodução
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Segundo o correspondente da CNN Gabe Cohen que visitou o veículo Titan fora da água em 2018, o submersível é uma embarcação minúscula, bastante apertada e pequena, sendo necessário sentar dentro dele sem sapatos. Ele é operado por controle remoto, muito similar a um controle de PlayStation. • Reuters
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O submarino tinha como objetivo levar os três turistas aos destroços do Titanic (foto) para turismo subaquático. • Woods Hole Oceanographic Institution/Reuters
Quanto ao que acontece agora, Dawood disse que duvidava que ela e Alina fossem capazes de encontrar um desfecho. “Existe uma coisa dessas? não sei”, disse ela.
No entanto, a dupla prometeu aprender a resolver o cubo mágico, acrescentou ela. “Prometemos a nós mesmas que aprenderíamos para Suleman”, disse Dawood.
A família também trabalhará para continuar o trabalho de Shahzada. “Ele esteve envolvido em tantas coisas, ajudou tantas pessoas e acho que realmente quero continuar esse legado e dar a ele essa plataforma… É muito importante para minha filha também”, disse ela.
“Sinto falta deles”, acrescentou. “Eu realmente sinto falta deles.”
Os Dawoods são de uma importante família de empresários paquistaneses. Dawood Hercules Corp., seu negócio, está entre as maiores empresas do país, com um portfólio que abrange energia, petroquímica, fertilizantes, tecnologia da informação e alimentos e agricultura.
Shahzada e Suleman se juntaram a uma viagem a bordo do submersível Titan – aproximadamente do tamanho de uma minivan – para observar os destroços do transatlântico Titanic, que fica a cerca de 3.800 metros abaixo da superfície do Atlântico Norte.
O submersível desapareceu em 18 de junho, cerca de 1 hora e 45 minutos depois de descer para explorar os destroços. Na quinta-feira, partes do submarino foram encontradas por equipes de busca, indicando que a embarcação havia sofrido uma implosão catastrófica, matando todas as cinco pessoas a bordo.