Juiz rejeita processo de Trump contra Hillary Clinton por relacioná-lo à Rússia
Ex-presidente acusava ainda o Comitê Nacional Democrata e vários ex-funcionários do FBI de terem conspirado para minar sua campanha em 2016
Um juiz federal rejeitou o processo do ex-presidente Donald Trump contra Hillary Clinton, o Comitê Nacional Democrata, vários ex-funcionários do FBI e mais de duas dúzias de outras pessoas e entidades que ele alega terem conspirado para minar sua campanha em 2016, tentando difamá-lo com informações que o ligam à Rússia.
O juiz distrital dos EUA, Donald Middlebrooks, rejeitou o processo na quinta-feira (8), dizendo que “a maioria das reivindicações do autor não são apenas não apoiadas por qualquer autoridade legal, mas claramente encerradas por precedentes vinculantes”.
“O que [o processo] carece de substância e apoio legal, ele procura substituir com extensão, hipérbole e acerto de contas e queixas”, escreveu Middlebrooks, indicado por Bill Clinton.
Trump entrou com seu processo em março, listando um amplo elenco de personagens que o republicano acusou por anos de orquestrar uma conspiração contra ele — incluindo o ex-diretor do FBI James Comey e outros funcionários do órgão, o espião britânico aposentado Christopher Steele e seus associados e um punhado de conselheiros da campanha de Hillary.
Middlebrooks, do Distrito Sul da Flórida, aponta que havia “problemas flagrantes” com as interpretações “audaciosas” de Trump da lei, e que muitas das afirmações factuais específicas do ex-presidente eram “implausíveis” ou sem suporte.
Trump “não está tentando buscar reparação por qualquer dano legal”, defendeu Middlebrooks. “Em vez disso, ele está tentando exibir um manifesto político de duzentas páginas descrevendo suas queixas contra aqueles que se opuseram a ele, e este Tribunal não é o fórum apropriado.”
A decisão é uma vitória legal para as figuras que Trump processou, muitas das quais estiveram envolvidas na campanha de Clinton em 2016 ou nos esforços do governo dos EUA para investigar a interferência russa naquela eleição.
Isso inclui Hillary, vários de seus principais funcionários de campanha de 2016, o Comitê Nacional Democrata, seu ex-vice Andrew McCabe, ex-funcionários do FBI Peter Strzok e Lisa Page. Também inclui Steele, autor do dossiê Trump-Rússia, e o grupo de oposição com o qual Steele trabalhou, o Fusion GPS.
A ação acusou um grande grupo de ex-funcionários do governo dos EUA e agentes democratas de orquestrar uma conspiração de “estado paralelo” contra ele e de perpetuar uma farsa maciça na forma de investigação sobre a Rússia. Trump, que defendeu essas reivindicações infundadas por anos e as incluiu no processo, pediu US$ 24 milhões por danos.
Alina Habba, advogada de Trump, afirma que Trump “irá recorrer imediatamente da decisão”.
“Discordamos veementemente da opinião emitida pelo Tribunal hoje”, disse Habba à CNN em comunicado. “Não só está repleto de aplicações errôneas da lei, como desconsidera as inúmeras investigações governamentais independentes que fundamentam nossa alegação de que os réus conspiraram para implicar falsamente nosso cliente e prejudicar a eleição presidencial de 2016”.
Em abril, os advogados de Hillary pediram ao juiz que arquivasse o processo argumentando que “não tinha mérito”.
A equipe de Hillary defendeu que ela não deveria ser ré no tribunal federal no sul da Flórida porque muitos anos se passaram para permitir um processo centrado em eventos de 2016.