Juíza dos EUA é chamada de "marxista" após ordenar retorno de deportado
Governo Trump tem até às 23h59 da segunda (7) para trazer Kilmar Armando Abrego Garcia de volta ao território americano

Stephen Miller, vice-chefe de gabinete da Casa Branca do presidente Donald Trump, chamou a juíza de Maryland, que ordenou que o governo dos EUA devolvesse um homem que foi deportado por engano para El Salvador até o final da segunda-feira, de "juíza marxista" que "agora acha que é a presidente de El Salvador", em uma postagem no X.
Marxist judge now thinks she’s president of El Salvador. https://t.co/64nCpUgMQ5
— Stephen Miller (@StephenM) April 4, 2025
A juíza Paula Xinis, do Tribunal Distrital dos EUA em Maryland, ordenou que o governo federal devolvesse Kilmar Armando Abrego Garcia, um cidadão salvadorenho, aos EUA até as 23h59 do dia 7 de abril.
A administração Trump reconheceu, em um documento judicial na segunda-feira (31), que deportou por engano o pai de três filhos de Maryland "por causa de um erro administrativo", mas afirmou que não podia trazê-lo de volta, pois ele está sob custódia do governo salvadorenho.
Parece ser a primeira vez que a administração admite um erro relacionado aos recentes voos de deportação para El Salvador, que agora estão no centro de uma tensa batalha judicial.
A CNN entrou em contato com a Casa Branca para obter qualquer reação ou comentário adicional sobre a decisão da juíza.
Deportações polêmicas
Em março, o governo Trump invocou poderes de guerra para deportar mais de 200 imigrantes que, supostamente, eram integrantes de uma gangue venezuelana dos Estados Unidos para El Salvador.
Isso ocorreu mesmo com o juiz James Boasberg bloqueando temporariamente o governo de usar uma lei de guerra para realizar as deportações.
Boasberg havia instruído anteriormente o governo a fornecer detalhes sobre o momento dos voos que transportaram os venezuelanos para El Salvador, incluindo se eles decolaram após sua ordem ter sido emitida.
A Casa Branca afirmou que os tribunais federais não têm jurisdição sobre a autoridade de Trump para expulsar inimigos estrangeiros sob a lei do século XVIII, historicamente usada apenas em tempos de guerra.
A administração disse que não violou a ordem escrita subsequente de Boasberg proibindo as autoridades de imigração de remover migrantes porque os aviões já haviam partido quando foi emitida.
Mas o juiz afirmou que ainda queria saber quando os voos partiram, para onde estavam indo, quando deixaram o espaço aéreo dos EUA e quando pousaram em um país estrangeiro. Ele também perguntou quando os indivíduos foram transferidos para custódia estrangeira.
O grupo de supostos criminosos violentos ligados ao Tren de Aragua e MS-13 foi transportado pelo Exército dos EUA na noite de domingo (30), disse o Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, em um comunicado, acrescentando que os deportados incluíam assassinos e estupradores.
O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, disse em um post no X que todos os deportados eram “assassinos confirmados e criminosos de alto perfil, incluindo seis estupradores de crianças”.
