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    Justiça da França ouve principal acusado de ataques em Paris

    Combatente do Estado Islâmico, Salah Abdeslam, disse que desistiu de detonar seu colete explosivo durante o ataque em Paris em novembro de 2015, que matou 130 pessoas

    Juliette Jabkhiroda Reuters

    Salah Abdeslam, um autodeclarado combatente do Estado Islâmico, disse a um tribunal nesta quarta-feira (9) que desistiu de detonar seu colete explosivo durante o ataque jihadista em Paris em novembro de 2015, que matou 130 pessoas.

    Cidadão francês de origem marroquina, Abdeslam disse que prometeu lealdade ao Estado Islâmico 48 horas antes dos ataques de Paris, os ataques mais mortais na França do pós-guerra, mas que não fez mal a ninguém.

    “Passei por uma situação que poucas pessoas experimentaram, pessoas que deram um passo para trás, que mudaram de ideia”, disse Abdeslam, de 32 anos, ao tribunal.

    “Você está lá na prisão, você diz para si mesmo: ‘Eu deveria ter acionado a coisa’. Isso é o que você pensa quando está em confinamento solitário.”

    Os investigadores acreditam que Abdeslam é o único membro sobrevivente do comando islâmico que executou os ataques sincronizados com armas e bombas em seis restaurantes e bares, na sala de concertos Bataclan e no estádio nacional de futebol.

    Eles alegam que seu colete explosivo não detonou e que horas depois ele fugiu da capital francesa. Ele foi preso na Bélgica em 2016 e está preso desde então.

    Vestido com uma camisa branca e com dois policiais armados logo atrás dele, Abdeslam disse ao tribunal que não era responsável por nenhuma morte.

    “Queria dizer hoje que não matei ninguém e não machuquei ninguém. Nem mesmo um arranhão”, disse Abdeslam em um breve discurso ao tribunal antes do início do interrogatório.

    “É importante para mim dizer isso, porque desde o início deste caso, as pessoas não pararam de me caluniar.”

    Entre os 20 réus, Abdeslam é o único a ser acusado diretamente de assassinato, tentativa de homicídio e tomada de reféns.

    “Não vou machucar ninguém”

    Abdeslam disse ao tribunal que foi atraído pelo Estado Islâmico por compaixão pelo povo sírio, e não por qualquer visão religiosa, e disse que o Ocidente impôs suas regras e valores aos outros.

    “Para nós, muçulmanos, é humilhante”, disse ele.

    Abdeslam disse que nunca viajou para a Síria. No entanto, ele reconheceu que admirava a disposição dos militantes do Estado Islâmico de se sacrificarem diariamente.

    Ele não era um perigo para a sociedade, disse ele ao tribunal.

    “A luta do Estado Islâmico é legítima. Quero viver sob a lei da Sharia. Mas por que isso me tornaria perigoso?”, perguntou ele ao tribunal. “Se eu for solto, não vou machucar ninguém. Fiquei quatro meses foragido, não fiz nada a ninguém.”

    Em 2018, um tribunal belga condenou Abdeslam por atirar em policiais enquanto tentava evitar a captura.

    Abdeslam disse que o grupo militante realizou os ataques para forçar o então presidente François Hollande a encerrar as incursões militares da França no Iraque e na Síria.

    Os ataques marcaram a psique nacional francesa e moldaram um longo debate nacional sobre imigração, o equilíbrio entre liberdades civis, segurança e o lugar do Islã em um país que se identifica como secular.

    Mais de seis anos depois, essas mesmas questões são proeminentes na campanha antes da eleição presidencial de abril.
    Arthur Denouveaux, que sobreviveu ao massacre de Bataclan, disse que queria entender como uma pessoa chegou ao ponto de estar preparada para usar um colete suicida.

    “Como você se radicaliza tão rapidamente enquanto passa despercebido por todos?” ele disse

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