Justiça dos EUA barra novo mapa eleitoral do Texas em revés para Trump
O novo mapa eleitoral do estado visava ajudar os republicanos a conquistar cinco cadeiras na Câmara dos Representantes, atualmente ocupadas por democratas

Um tribunal federal bloqueou, nesta terça-feira (18), o Texas de usar um novo mapa eleitoral para a Câmara dos Deputados dos EUA, elaborado com a intenção de virar várias cadeiras que atualmente são ocupadas por democratas para os republicanos nas eleições de meio de mandato de 2026.
Na decisão, os juízes criticaram o governador Greg Abbott por orientar a legislatura a desenhar o projeto com base em critérios raciais.
O novo mapa eleitoral do Texas visava ajudar os republicanos a conquistar cinco cadeiras na Câmara dos Representantes, atualmente ocupadas por democratas, no próximo ano, e desencadeou uma onda de esforços de redistribuição de distritos por ambos os partidos em todo o país.
O Departamento de Justiça se uniu a um desafio semelhante ao novo mapa elaborado pelos democratas na Califórnia, em resposta direta à tentativa do Texas de conquistar cinco cadeiras ocupadas por republicanos.
Com os republicanos da Câmara detendo atualmente uma maioria de apenas três cadeiras, as cinco cadeiras em disputa no Texas podem fazer a diferença em quem conquistará o controle da Câmara no próximo ano.
Os democratas da Califórnia lançaram sua iniciativa de redistribuição de distritos eleitorais em resposta aos republicanos do Texas, e uma versão inicial do plano só entraria em vigor se o Texas ou outro estado aprovasse um novo mapa.
Mas a versão final aprovada pelos eleitores da Califórnia não continha essa condição.
Baseado em raça
A decisão desta terça-feira (18) concluiu que Abbott “orientou explicitamente a Legislatura a redistritar com base em raça” após receber uma carta do Departamento de Justiça de Trump ameaçando ação legal caso o estado não apresentasse um novo mapa.
Segundo os juízes, a própria carta do Departamento de Justiça se baseava em uma “alegação juridicamente incorreta”.
O resultado foi um mapa que violava a promessa da Constituição dos EUA de igual proteção sob a lei e a garantia contra discriminação racial no voto, de acordo com a decisão.
A sentença representou uma vitória para democratas e grupos de direitos civis no Texas, que argumentaram que o novo mapa diluía ainda mais o poder de voto de minorias raciais.
A organização de direitos civis destacou que “o Texas tem apenas 40% de população branca, mas eleitores brancos controlam mais de 73% das cadeiras congressionais do estado”.
Gloria Leal, advogada da Liga dos Cidadãos Latino-Americanos Unidos (LULAC), afirmou que o novo mapa concentrava eleitores de minorias em alguns distritos e os removia de outros, criando menos distritos em que eleitores hispânicos e negros juntos fossem maioria.
Reações
O governador do Texas classificou a decisão como “absurda”, e sua administração apresentou imediatamente um pedido de apelação à Suprema Corte.
“A esquerda radical está mais uma vez tentando minar a vontade do povo. O Grande e Belo Mapa era totalmente legal e foi aprovado para fins partidários, visando representar melhor as afiliações políticas do Texas”, disse o Procurador-Geral do Texas, Ken Paxton, do Partido Republicano.
A procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi, disse na terça-feira: "Discordamos veementemente da decisão de hoje do tribunal distrital sobre o mapa de redistribuição de distritos do Texas. O mapa do Texas foi elaborado da maneira correta e pelos motivos certos."


