
Lula busca protagonismo diplomático em cúpula do Brics esvaziada
Presidente tenta opor multilateralismo do bloco ao isolacionismo dos EUA
O Brasil assumiu nesta quinta-feira (3) a presidência rotativa do Mercosul. Na cerimônia, lula prometeu fortalecer o multilateralismo e fechar o acordo de livre-comércio com a União Europeia.
O presidente ainda elencou cinco prioridades para o Mercosul sob a liderança do Brasil:
Fortalecimento do comércio entre os países parceiros; enfrentamento da mudança do clima; desenvolvimento tecnológico; combate ao crime organizado; e a promoção dos direitos humanos.
O presidente brasileiro também prometeu concluir o acordo de livre-comércio com a União Europeia.
"Vou me dedicar para que a gente possa avançar nestes seis meses para que o Mercosul se transforme nestes seis meses num grande bloco econômico, científico, cultural e tecnológico”, afirmou lula.
A presidência do Mercosul amplia o protagonismo de Lula nas organizações em que o Brasil atua. E se soma a uma agenda que inclui a liderança do G20, no ano passado, e da Cúpula do Clima da ONU, marcada para novembro deste ano, em Belém.
O desafio, entretanto, está em garantir a relevância desses colegiados num momento em que o multilateralismo perde espaço na comunidade internacional.
Lula também vai sediar a cúpula dos Brics, que começa no próximo domingo, no Rio de Janeiro. O encontro perdeu peso nos últimos dias, com a constatação da ausência de diversos chefes de estado do grupo.
A china vai enviar o primeiro-ministro, Li Qiang. E não o líder do regime, xi jinping.
Vladimir Putin, da Rússia, é alvo de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra e evita viagens a países signatários do Tratado de Roma, que seriam obrigados a prender o líder do Kremlin.
A expectativa é de que o presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, também não venha.
Diante do esvaziamento da cúpula, o foco da diplomacia brasileira deve ficar dividido em duas frentes.
Ampliar o fórum como uma vitrine do multilateralismo, em contraste com a posição transacional da Casa Branca sob Donald Trump; e fortalecer o relacionamento com os países do sudeste asiático, que se equilibram entre a influência crescente da China e a presença massiva dos Estados Unidos na região.