Médico descreve à CNN situação de hospitais em Gaza: “Absolutamente atroz”
Anestesista voluntário afirmou que pacientes se sentem tratados “como animais”

A extrema escassez de alimentos, medicamentos e outros suprimentos básicos em Gaza está colocando os pacientes do território em risco crescente e complicando seu tratamento, afirmou o anestesista Travis Melin, médico voluntário em Gaza, à CNN nesta segunda-feira (21).
Os pacientes estão sofrendo internações prolongadas devido à desnutrição e infecções recorrentes, disse Melin a Ben Hunte, da CNN.
“Não há como sobreviver, mesmo a um ferimento simples, se você não tiver comida para se curar”, expressou o médico, que trabalha com a instituição de caridade médica alemã CADUS no Hospital Al Nasser em Khan Younis.
Os profissionais de saúde também estão recebendo apenas “uma refeição de arroz à tarde” todos os dias, enquanto atendem enfermarias lotadas com pessoas sofrendo ferimentos graves, relatou.
Ele chamou a situação humanitária em Gaza de “absolutamente atroz”, com os moradores “verdadeiramente famintos”, acrescentando que os combates “precisam acabar”.
Muitas pessoas sentem que estão “sendo tratadas como animais”, afirmou.
O acesso à ajuda humanitária tem sido severamente reduzido desde o início de março, quando as autoridades israelenses proibiram a entrada de comboios no território palestino.
Essa proibição foi parcialmente suspensa no final de maio, mas agências humanitárias afirmam que a quantidade que chega ao território é insuficiente para sustentar a população.
Centenas de pessoas foram mortas tentando obter ajuda em Gaza desde que a FGH (Fundação Humanitária de Gaza) — uma controversa organização apoiada pelos Estados Unidos e por Israel — começou a operar na Faixa de Gaza em maio, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
Quase 800 pessoas foram mortas entre o final de maio e 7 de julho, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUR). 615 delas foram mortas perto dos locais da FGH.
Mais de 100 pessoas foram mortas e dezenas ficaram feridas quando tropas israelenses abriram fogo contra palestinos que buscavam ajuda alimentar no território no sábado (19) e domingo (20), segundo o Ministério da Saúde, ligado ao Hamas, e testemunhas oculares.


