Milhares de artefatos históricos roubados são recuperados pela polícia italiana
Autoridades encontraram 3.586 peças de "inestimável valor histórico, artístico e comercial"
Milhares de artefatos de valor histórico e financeiro, incluindo itens retirados de sepulturas e escavações arqueológicas, foram recuperados na Itália após uma enorme operação, informaram as autoridades.
A polícia italiana prendeu 21 dos 51 suspeitos em uma operação que contou com centenas de agentes, disseram as autoridades em uma coletiva de imprensa na região de Puglia, no sul da Itália, na quarta-feira (24).
Os detidos estão sendo investigados por “inúmeras escavações clandestinas, receptação de bens roubados e comercialização ilícita, nacional e internacionalmente, de achados arqueológicos muito importantes”, afirmou Renato Nitti, promotor-chefe encarregado da investigação em Trani, Puglia, em comunicado à imprensa.
O que foi recuperado?
As autoridades recuperaram 3.586 peças de “inestimável valor histórico, artístico e comercial” em Puglia, Basilicata, Campania, Abruzzo, Lazio e Trentino Alto Adige, disse Vincenzo Molinese, chefe da polícia artística italiana, Carabinieri, em coletiva de imprensa.
Também foram recuperados 60 detectores de metal e outros objetos compatíveis com escavações clandestinas, incluindo pás e estacas de metal.
No município de Lavis, no norte da Itália, foram descobertas 1.679 moedas arqueológicas de bronze e prata – de cunhagens da Magna Grécia, romanas e bizantinas – datadas entre o século IV a.C. e o século III d.C..
Centenas de moedas que datam da era imperial romana foram encontradas na cidade de Ciampino, perto de Roma.
Pesos de tear, vasos em forma de sino, jarras, xícaras, pratos, vasos em miniatura e lâmpadas a óleo estavam entre os objetos de valor recuperados na cidade de Spinazzola, no sul do país.
Muitos dos artefatos foram levados por “tombaroli” – ladrões de túmulos – de Campânia, Basilicata e Puglia e traficados por toda a Itália e internacionalmente para colecionadores de arte, segundo as autoridades.
A maioria são peças não documentadas e nunca antes vistas, retiradas diretamente de escavações arqueológicas inexploradas.
“A investigação possibilitou apurar e coibir uma impressionante ação predatória que operava em detrimento do patrimônio arqueológico de nosso território, de excepcional riqueza cultural”, disse o promotor público Nitti na coletiva de imprensa.
Nitti afirmou que a operação “demonstra como nosso território ainda guarda tesouros imensuráveis”, atraindo “ladrões e traficantes inescrupulosos”.
A investigação começou no ano passado, após várias escavações clandestinas terem sido descobertas na região de Canosa, na Puglia, de onde se acredita que todos os itens tenham se originado.
O saque de obras de arte antigas na Itália não é um fenômeno novo. Descobriu-se que a pandemia de Covid-19 ofereceu aos ladrões novas oportunidades de invadir sítios arqueológicos, igrejas e museus fechados em busca de artefatos de valor inestimável, enquanto a polícia era transferida para impor confinamentos.
Arthur Brand, um dos mais importantes detetives de arte da Europa e autor de “Os Cavalos de Hitler: A Incrível e Verdadeira História do Detetive que se Infiltrou no submundo Nazi” (edição em português de Portugal), disse à CNN em 2021 que pelo menos metade dos artefatos romanos antigos presentes no mercado na época foram
roubados.