Mudança de discurso de Boric garantiu vitória na eleição do Chile, diz professora

À CNN Rádio, Denilde Holzhacker avalia que Gabriel Boric terá dificuldade para implementar alteração significativa na política chilena

Amanda Garcia e Bel Campos, da CNN, Em São Paulo
O presidente eleito do Chile, Gabriel Boric  • Reuters
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A vitória do candidato de esquerda, Gabriel Boric, nas eleições presidenciais do Chile pode ser explicada por uma série de fatores, de acordo com a professora de relações internacionais da ESPM, Denilde Holzhacker.

Em entrevista à CNN Rádio nesta segunda-feira (20), ela avaliou que o país está “muito polarizado”, e Boric conseguiu reverter o resultado contra José Antonio Kast ao “mudar de discurso.”

A professora destaca que Boric teve a capacidade de construir uma aliança no segundo turno e mudou o tom do seu discurso para um mais moderado, “de modo a atrair o eleitor de centro”, o que foi fundamental para a vitória, avaliou Denilde.

Paralelamente, Kast acabou se afastando do eleitor de centro, segundo Denilde, após informações sobre o apoio dele a Alberto Fujimori, do Peru, virem à tona.

Aliado a isso, Boric conseguiu um alto número de votos do eleitorado mais jovem, que compareceu às urnas – o voto no Chile não é obrigatório.

Na avaliação de Denilde, o presidente eleito vai ter um “período de lua de mel”, especialmente no período de transição longo, finalizado só em março do ano que vem, quando o novo presidente assume a cadeira.

No entanto, ela reforçou que o Chile segue polarizado, que Boric não terá a maioria no Parlamento e precisará buscar o diálogo.

“Vai ser difícil implementar essas ações, vai necessitar de uma série de aproximações e negociações para convencer uma parcela que não o apoiou que o Chile precisa de mudança, que a inclusão social é a principal bandeira no momento.”

Relação com o Brasil

A tendência, segundo a professora da ESPM, é que a relação entre Chile e Brasil continue sendo de “distanciamento”: “Muito semelhante com Argentina, Peru e Bolívia, também governados por pessoas mais à esquerda. Há diferença ideológica grande”, destacou.