Na Superterça, Sanders e Biden se contrapõem; Bloomberg é outsider
A escolha do candidato democrata para a presidência dos EUA tem seu dia mais importante
Para a professora de relações internacionais da ESPM, Denilde Holzhacker, a disputa das primárias democratas para as eleições dos Estados Unidos está dividida entre três nomes: Bernie Sanders, Joe Biden e Michael Bloomberg, que juntos tem algumas características em comum.
“São todos homens mais velhos e com longa carreira pública. Se apresentam como sendo candidatos experientes e maduros para o cargo”, diz Denilde, que explica que as semelhanças param por aí.
“Sanders é o mais diferente de todos, se define como um socialista democrático. Ele não é um democrata tradicional, foi senador por Vermont como um independente e entrou no Partido Democrata para disputar as primárias contra Hillary Clinton em 2016”, diz a professora. “Seu discurso mobiliza mais o eleitorado jovem e mais pobre, porém o partido não acredita ser esse o discurso que irá derrotar Trump”.
Diante do cenário nacional, grande parte do establishment democrata acredita que Biden é o nome que derrotará o atual presidente dos Estados Unidos.
“Biden é um democrata tradicional e moderado, além de ter experienca como vice-presidente. Ele defende a retomada de práticas do governo Obama, além de ter penetração entre eleitores negros. Ele é o candidato do establishment e tem o apoio de forças internas do partido”.
Sua força pôde ser vista nos dias que antecederam a Superterça, quando Pete Buttigieg e Amy Klobuchar saíram da campanha e anunciaram apoio a Biden. Outro respiro para sua campanha foi a grande vitória na Carolina do Sul, após perder os estados de Nevada, New Hampshire e Iowa para Sanders. Antes disso, sua campanha parecia minguar.
“Biden começou a campanha como o nome mais forte, mas perdeu força. Sua corrida para a presidência parecia sem energia e até hoje é questionado se consegue levar até o fim, mas ganhou potência com os apoios, e espera centralizar os votos dos moderados do partido”, explica a professora.
Segundo Denilde, os democratas enxergam nos moderados as melhores chances para trazer eleitores independentes e derrotar Trump nas eleições gerais. Há porém um terceiro fator na disputa, que estreará nas primárias nesta Superterça: Michael Bloomberg.
O bilionário e filantropo começará na disputa apenas agora, com mais de US$ 600 milhões investidos na campanha com dinheiro próprio e um discurso de que sabe como derrotar Trump.
“Ele é um bilionário e entra com grande volume de recursos. Diz conhecer Trump e sabe como ele pensa. Se vende como sendo capaz de se contrapor ao atual presidente e trazer os EUA para um espírito mais moderado”.
Conta contra ele seu histórico de “vira-casaca”.
“Ele foi prefeito de Nova York por três mandatos pelo partido republicano. É considerado um outsider, mas com trajetória de mudar de lado, algo que americanos enxergam com desconfiança”.
Panorama
A Superterça foi criada em 1982 como uma maneira de acelerar o processo de eleições primarias nos Estados Unidos. É neste dia que acontece a maior concentração de votações por estado, quando um total de 14 federações e um território não anexado dos EUA (Samoa Americana) escolhem quem serão os representantes dos partidos nas eleições gerais para presidente, que ocorrerão em novembro. Abaixo os estados que vão as urnas com o número de delegados em jogo ao lado.
Estados que participam da Superterça | Delegados por estado |
Alabama | 52 |
Arkansas | 31 |
Califórnia | 415 |
Carolina do Norte | 110 |
Colorado | 67 |
Maine | 24 |
Massachuchetts | 91 |
Minnesota | 75 |
Oklahoma | 37 |
Tennessee | 64 |
Texas | 228 |
Utah | 29 |
Vermont | 16 |
Virginia | 99 |
Cinco nomes ainda estão na disputa para ser o candidato do partido democrata para as eleições gerais americanas. Bernie Sanders, ex-prefeito e senador pelo estado de Vermont; Joe Biden, ex-senador e ex-vice presidente nos dois mandatos do governo Obama; Michael Bloomberg, ex-prefeito de Nova York, bilionário e filantropo; e Elizabeth Warren, senadora pelo estado de Massachuchetts.