Netanyahu promete punir reservista que fugir de convocação militar em Israel
Diversos grupos ameaçaram não comparecer às convocações como forma de se posicionar contra a reforma judicial elaborada pelo governo para reduzir a força da Suprema Corte


O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prometeu reprimir nesta segunda-feira (17) as ameaças de não comparecimento ao serviço militar por reservistas que se opôem a seu plano de reforma judicial, dizendo que tais ações são antidemocráticas e arriscam encorajar os inimigos do país.
Com a coalizão religioso-nacionalista decidida a ratificar uma importante reforma judicial antes do recesso parlamentar de 30 de julho, a oposição intensificou uma campanha de protesto e alguns reservistas ameaçaram recusar convocações.
A ameaça abalou um país para o qual o exército regular, que recorre a reservistas em tempos de guerra e exige que eles passem por treinamento regular, foi por muito tempo uma questão apolítica.
“O governo não aceitará insubordinação. O governo agirá contra isso e tomará todas as medidas necessárias para garantir nossa segurança e nosso futuro”, disse Netanyahu a seu gabinete, sem elaborar possíveis medidas.
Com o aumento da violência entre israelenses e palestinos e uma série de confrontos recentes na fronteira libanesa, Netanyahu classificou o protesto de reservistas como “corroendo nossa capacidade de deter nossos inimigos que podem ser facilmente tentados a nos atacar”.
“Não podemos ter um grupo dentro dos militares ameaçando o governo eleito: ‘Se vocês não fizerem o que dizemos, fecharemos a segurança'”, afirmou. “Nenhum país democrático pode aceitar este ditame.”
Críticos do plano de revisão judicial dizem que é Netanyahu quem está ameaçando a democracia ao remover freios e contrapesos.
O projeto de reforma, que restringe alguns poderes da Suprema Corte de Israel e deve ser ratificado na próxima semana, “abrirá um caminho direto para a ditadura”, disse uma carta assinada por 1.700 ex-oficiais da Força Aérea, incluindo 27 generais da reserva, publicada no jornal israelense Yedioth Ahronoth na quarta-feira.
Um ex-oficial da Força Aérea que chefia um grupo de pilotos e navegadores reservistas que se opõe à reforma judicial disse que nenhum deles recusou convocações. Alguns deles ameaçaram anteriormente ficar longe dos voos de treinamento, dos quais as tripulações aéreas de reserva devem participar semanalmente como voluntários.
Netanyahu, em julgamento por acusações de corrupção que ele nega, apoia as mudanças judiciais como uma restauração do equilíbrio entre os ramos do governo.
(Reportagem de Dan Williams)