Paquistão: Quem são os grupos LeT e JeM, alvos de ataques da Índia?

Grupos Lashkar-e-Taiba e Jaish-e-Mohammed são designados como organizações "terroristas" pela ONU

Krishna N. Das e Gibran Naiyyar Peshimam, da Reuters, em Nova Déli e Islamabad
Forças de segurança guardam rua perto da área de Wuyan, em Pampore, no sul da Caxemira, onde um caça supostamente desconhecido caiu, enquanto a Índia realiza ataques contra o Paquistão em Pampore, Jammu e Caxemira
Forças de segurança guardam rua perto da área de Wuyan, em Pampore, no sul da Caxemira, onde um caça supostamente desconhecido caiu, enquanto a Índia realiza ataques contra o Paquistão em Pampore, Jammu e Caxemira  • Firdous Nazir/NurPhoto via Getty Images
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A Índia afirmou nesta quarta-feira (7) que atingiu nove locais no Paquistão "de onde ataques terroristas contra a Índia foram planejados e dirigidos", após o ataque mortal na Caxemira no mês passado.

As nações vizinhas, donas de armas nucleares, travaram duas guerras desde a independência do Reino Unido, governante colonial, em 1947, pela região predominantemente muçulmana, que ambos governam em parte, mas reivindicam integralmente.

Nova Déli atribuiu o ataque do mês passado, em um prado no Himalaia, a um grupo ligado ao Lashkar-e-Taiba, grupo militante islâmico baseado no Paquistão.

O Paquistão, que nega qualquer envolvimento no ataque à Caxemira, afirmou que os ataques indianos mataram 26 civis e que suas forças abateram cinco caças indianos.

O país prometeu responder "a esta agressão no momento, local e meios de nossa escolha".

A Índia afirmou que sete de seus alvos foram usados ​​pelo Lashkar-e-Taiba e pelo Jaish-e-Mohammed, ambos grupos islâmicos designados como organizações "terroristas" pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

Durante décadas, a Índia, de maioria hindu, acusou o Paquistão de apoiar militantes islâmicos em ataques contra interesses indianos, especialmente na Caxemira.

O Paquistão nega tal apoio e, por sua vez, acusa a Índia de apoiar rebeldes separatistas no Paquistão, o que Nova Déli nega.

Lashkar-e-Taiba

O Lashkar-e-Taiba (LeT), ou "exército dos puros", está sediado na província mais populosa do Paquistão, Punjab, e há muito tempo se concentra no combate ao domínio indiano na Caxemira.

O Conselho de Segurança da ONU afirma que realizou "inúmeras operações terroristas" contra alvos militares e civis desde 1993, incluindo os ataques de novembro de 2008 em Mumbai, capital comercial da Índia, que mataram 166 pessoas.

Hafiz Saeed, que fundou o LeT por volta de 1990, negou qualquer participação no ataque.

As Nações Unidas afirmam que o LeT também esteve envolvido em ataques a trens de passageiros de Mumbai em julho de 2006 e em um ataque ao parlamento indiano em dezembro de 2001.

Acredita-se que Muridke, nos arredores de Lahore, capital do Punjab, seja o lar da extensa sede de 81 hectares de organizações afiliadas ao LeT.

A Índia afirma que atacou Markaz Taiba, de Muridke, um local a cerca de 25 km da fronteira, onde os agressores de Mumbai haviam sido treinados. O termo Markaz significa quartel-general.

O Paquistão afirma que o grupo foi banido e neutralizado. Preso em 2019, Saeed foi condenado por inúmeras acusações de financiamento do terrorismo e está cumprindo uma pena de 31 anos de prisão.

Os críticos dizem que o grupo, renomeado sob o disfarce de uma instituição de caridade, mantém uma forte rede na região.

Jaish-e-Mohammad

Também sediado em Punjab está o Jaish-e-Mohammad (JeM), ou Exército do Profeta Maomé, fundado por Masood Azhar após sua libertação da prisão na Índia em 1999.

O acordo foi uma troca por 155 reféns mantidos em um voo da Indian Airlines sequestrado para a cidade de Kandahar, no sul do Afeganistão, segundo o Conselho de Segurança da ONU.

O Paquistão baniu o grupo em 2002, depois que ele, juntamente com o LeT, foi responsabilizado pelo ataque de 2001 ao parlamento indiano.

O grupo tinha ligações com a Al-Qaeda, fundada por Osama bin Laden, e com o Talibã, segundo o Conselho de Segurança da ONU.

Acredita-se que o JeM esteja sediado na cidade central de Bahawalpur, também em Punjab, no Paquistão.

O grupo assumiu a responsabilidade por inúmeros atentados suicidas na Caxemira, onde a Índia luta contra uma insurgência armada desde o final da década de 1980, embora a violência tenha diminuído nos últimos anos.

A Índia afirmou ter atacado o Markaz Subhan Allah, em Bahawalpur, que chamou de sede do JeM, localizado a cerca de 100 km da fronteira.

Apesar da proibição do JeM pelo Paquistão em 2002, autoridades americanas e indianas afirmam que ele ainda opera abertamente no local.

Azhar desapareceu dos olhos do público, exceto por relatos esporádicos de sua presença perto da cidade, onde administra uma instituição religiosa.