Pesquisa Atlas/Bloomberg: Kast tem 56,9% das intenções no Chile; Jara, 35%

Chilenos voltarão às urnas para escolher o próximo presidente no dia 14 de dezembro; candidato da ultradireita lidera corrida

Da CNN Brasil
José Antonio Kast e Jeannette Jara  • Reuters
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Uma nova pesquisa eleitoral sobre as intenções de voto para o segundo turno das eleições presidenciais no Chile indica vantagem para José Antonio Kast contra Jeannette Jara.

O levantamento da Latam Pulse, iniciativa conjunta entre a AtlasIntel e a Bloomberg, aponta que o ultradireitista possui 56,9% das intenções de voto, contra 35% da comunista.

Além disso, 8,1% dos entrevistados afirmou que votará em branco, anulará ou ainda não sabe em quem votar.

Os chilenos voltarão às urnas para escolher o próximo presidente no dia 14 de dezembro.

Se considerados apenas os votos válidos, Kast tem 61,9% das intenções, contra 38,1% de Jara.

Os números demonstram uma tendência de crescimento para Kast em relação à pesquisa de outubro, quando ele tinha 47% das intenções em um potencial segundo turno contra a ex-ministra do Trabalho.

No caso de Jara, a tendência é de queda, já que ela tinha registrado 39% das intenções no último levantamento.

A pesquisa também questionou os chilenos se aprovam ou desaprovam o desempenho do atual presidente, Gabriel Boric. O resultado foi o seguinte:

Aprovação do presidente chileno Gabriel Boric:

  • Desaprovo: 63,9%

  • Aprovo: 34,2%

  • Não sei: 1,9%

Questionados sobre os problemas mais importantes para o Chile neste momento, os eleitores destacaram: corrupção (57,5%), insegurança/crime/narcotráfico (48,1%), altos preços e inflação (27%), impunidade e sistema judicial (26,3%) e migração (26%).

A pesquisa entrevistou virtualmente 9.012 adultos chilenos entre os dias 22 e 27 de novembro. A margem de erro é de 1,1 ponto percentual para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%.

Conheça os dois candidatos do segundo turno do Chile

José Antonio Kast

candidato de ultradireita José Antonio Kast, que já concorreu duas vezes à Presidência do Chile, está conseguindo recuperação nas pesquisas com uma plataforma de linha dura contra o crime, aparecendo em segundo lugar nos levantamentos.

Após uma campanha presidencial em 2017 na qual obteve apenas 8% dos votos, Kast chegou ao segundo turno em 2021, mas perdeu para o atual presidente de esquerda, Gabriel Boric.

Candidato presidencial José Antonio Kast discursa durante o evento de encerramento da campanha presidencial realizado na Movistar Arena • Cristobal Basaure Araya/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
Candidato presidencial José Antonio Kast discursa durante o evento de encerramento da campanha presidencial realizado na Movistar Arena • Cristobal Basaure Araya/SOPA Images/LightRocket via Getty Images

Descendente de imigrantes alemães que chegaram ao Chile na década de 1950, Kast pertenceu anteriormente ao partido de direita União Democrática Independente e foi deputado pelo Distrito 30 de 2002 a 2014. Posteriormente, o advogado e político representou o Distrito 24 de 2014 a 2018.

Para esta campanha, ele moderou seu discurso, evitando temas polêmicos como o apoio anterior à ditadura de Augusto Pinochet, e se concentrou em temas de lei e ordem.

A plataforma política de Kast, que inclui medidas sobre imigração mais rigorosas e propostas como a construção de uma vala para conter a entrada ilegal no país, tem sido comparada à de figuras como Donald Trump e Jair Bolsonaro (PL).

Seu estilo de comunicação direto e seu conservadorismo ferrenho têm reforçado sua popularidade entre os eleitores de direita do Chile.

Jeannette Jara

Jeannette Jara, de 51 anos, é da coalizão governamental. Ela é a primeira candidata comunista no Chile desde o retorno da democracia ao país e entra na eleição presidencial como favorita na maioria das pesquisas de opinião.

Ao longo de sua campanha, Jara prometeu aprofundar as reformas sociais, fortalecer a segurança pública sem recorrer à militarização e combater o crime organizado e o narcotráfico.

Ela prometeu manter as políticas de bem-estar social implementadas durante o governo do presidente Gabriel Boric, ao mesmo tempo expandindo as pensões e melhorando o acesso à moradia popular.

Jeannette Jara, candidata à presidência, discursa durante sua participação no diálogo "Soluções para o Chile", em Valparaíso • Cristobal Basaure Araya/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
Jeannette Jara, candidata à presidência, discursa durante sua participação no diálogo "Soluções para o Chile", em Valparaíso • Cristobal Basaure Araya/SOPA Images/LightRocket via Getty Images

Jara cresceu em um bairro operário da capital chilena, Santiago, e é a mais velha de cinco irmãos.

Aos 14 anos, ingressou na Juventude Comunista e se destacou como uma importante líder estudantil e social. Ela foi a primeira de sua família a se formar na universidade, obtendo um diploma em Administração Pública pela Universidade de Santiago e, posteriormente, estudando Direito na Universidade Central do Chile.

Durante o segundo mandato da ex-presidente Michelle Bachelet, Jara atuou como Subsecretária de Seguridade Social (2016–2018).

Ela retornou ao governo em 2022 como Ministra do Trabalho e Previdência Social, sob a presidência de Boric, onde implementou reformas históricas: uma reforma previdenciária que estava paralisada há muito tempo, a redução da jornada de trabalho de 45 para 40 horas semanais e o aumento do salário mínimo de US$ 350 para US$ 530, um dos mais altos da América Latina.

Jara deixou o cargo ministerial para lançar sua candidatura à Presidência, vencendo as primárias da coalizão governista com 60% dos votos.

Desde então, ela tem buscado se distanciar da retórica radical, posicionando-se como uma esquerdista pragmática focada em segurança e equidade social.

Se eleita, ela se tornaria a primeira presidente comunista do Chile na era democrática.