Ômicron: por nova variante da Covid-19, países impõem novas medidas restritivas

Pelo menos 27 nações anunciaram proibições para voos provenientes do sul da África devido à nova linhagem do vírus; confira lista

Carolina Figueiredo e Giovanna Galvani, da CNN*, Vinícius Bernardes e João de Mari, da CNN, em São Paulo
Compartilhar matéria

A preocupação com a nova variante da Covid-19 identificada em Botsuana, no sul da África, que recebeu o nome técnico de variante Ômicron, tem feito países considerarem novas medidas restritivas a voos nas fronteiras.

Segundo levantamento (veja lista abaixo) feito pela CNN ao longo desta sexta-feira (26), pelo menos 27 nações já anunciaram bloqueios totais ou parciais a viajantes vindos de países do sul da África.

O ministro-chefe da Casa Civil Ciro Nogueira afirmou que o Brasil fechará as fronteiras aéreas para seis países da África a partir da próxima segunda-feira (29). A restrição atingirá os passageiros oriundos de: África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue.

Segundo o governo brasileiro, a decisão foi tomada em conjunto e será assinada pela Casa Civil, Ministério da Infraestrutura, Ministério da Saúde e pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Até o momento, não há registros da variante no Brasil. Porém, o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, afirmou à CNN nesta sexta-feira (26) que há a possibilidade de a variante Ômicron já estar circulando no país.

Os Estados Unidos anunciaram que o país restringirá as viagens de oito nações da África Austral ao país a partir da próxima segunda-feira (29) devido a preocupações com a Ômicron. As restrições se aplicarão à África do Sul, Botswana, Zimbabwe, Namíbia, Lesoto, Eswatini, Moçambique e Malawi.

No Canadá, as fronteiras devem fechar as fronteiras para viajantes estrangeiros que estiveram recentemente em sete países do sul da África, segundo informou o ministro da Saúde Jean-Yves Duclos.

Na Europa, Itália, República Tcheca, Holanda e França anunciaram nesta sexta um novo rol de medidas restritivas. O ministro italiano da Saúde, Roberto Speranza, assinou uma ordem executiva proibindo a entrada da África do Sul, Lesoto, Botswana, Zimbábue, Moçambique, Namíbia e Eswatini, afirma um comunicado.

"Nossos cientistas estão estudando a nova variante B.1.1.529. Enquanto isso, adotaremos a maior cautela possível", disse o ministro.

Os mesmos países também receberam sinal vermelho para entrar na República Tcheca, mas o país acrescentou a Zâmbia na lista.

Na Holanda, o ministro da Saúde, Hugo de Jonge, afirmou em um comunicado que a proibição se aplicaria a todos os países do Sul da África, e que os viajantes atualmente em trânsito deverão ficar em quarentena na chegada ao aeroporto de Schiphol.

O governo da Turquia também anunciou que fechou suas fronteiras para passageiros de cinco países. Viajantes de Botsuana, África do Sul, Moçambique, Namíbia e Zimbábue não terão permissão para entrar no país devido ao aumento de casos da nova variante, disse o ministro da Saúde Fahrettin Koca.

Viagens suspensas

A Comissão da União Europeia está impondo novas restrições para as próximas semanas com a finalidade de evitar uma onda de casos relacionados à nova variante no continente.

O órgão anunciou a suspensão de viagens para países onde a nova variante foi detectada. Em pronunciamento nesta sexta-feira (26), a chefe da Comissão, Ursula von der Leyen, esclareceu sobre as novas restrições.

"Viagens para os países nos quais a variante foram detectadas serão suspensas. Para os que já estão no caminho de volta para Europa, será obrigatória a testagem e quarentena de 14 dias", disse.

Ela ainda destacou a necessidade de atualização dos imunizantes para combater a nova variante. "Vacinas feitas por empresas contratadas pela UE deveriam ser adaptadas para as novas variantes imediatamente".

Leyen já havia comentado sobre a necessidade de novas restrições em sua conta no Twitter. "A Comissão irá propor, em estreita coordenação com os Estados Membros, ativar o freio de emergência para interromper as viagens aéreas da região da África Austral devido à variante de preocupação B.1.1.529", escreveu.

Primeiro caso na Europa

A Bélgica registrou nesta sexta-feira (26) o primeiro caso na Europa da nova variante, identificada até o momento como B.1.1.529.

A informação foi compartilhada pelo virologista Marc Van Ranst nas redes sociais. Ele pe dono de um laboratório que trabalha em conjunto com o departamento de saúde pública da Bélgica.

O viajante que teria contraído o vírus voltou à Bélgica no dia 11 de novembro depois de uma viagem ao Egito. Ele  só apresentou sintomas no último dia 22, escreveu virologista.

O governo belga ainda não confirmou o caso.

União Europeia em alerta; países asiáticos tomam medidas

A comissão-executiva da União Europeia recomendará que todos os 27 estados membros implementem a medida, e espera que o Conselho Europeu dê luz verde o mais rápido possível, acrescentou um funcionário da UE.

As decisões do Conselho Europeu, que representa os Estados-Membros, não têm de ser tomadas pelos ministros, mas também podem ser assinadas pelos embaixadores do país em Bruxelas.

Fora do bloco mas na região europeia, o Reino Unido também proibiu temporariamente os voos da África do Sul, Namíbia, Botswana, Zimbábue, Lesoto e Eswatini na sexta-feira, e pediu que os viajantes britânicos retornassem desses destinos para a quarentena.

No Oriente Médio, Israel anunciou na quinta-feira que estava impedindo seus cidadãos de viajar para o sul da África e proibindo a entrada de estrangeiros da região.

Nesta sexta, o país confirmou um caso de infecção pela nova cepa. O primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, se reuniu com especialistas em saúde para discutir a melhor forma de responder à variante.

"Estamos atualmente à beira de um estado de emergência", disse Bennett, de acordo com um comunicado de seu gabinete. "Nosso princípio básico é agir rápido, forte e agora."

Outros países asiáticos também integram a lista.

O Ministério da Saúde de Cingapura afirmou que restringirá as chegadas da África do Sul e de países vizinhos. Medidas semelhantes foram tomadas pelas Filipinas, Marrocos e Bahrein.

Já no Japão, Taiwan, Índia e Malásia, o anúncio abrangeu apenas maior controle nas fronteiras e ainda não proibiu ao todo a entrada de pessoas originários dos países em risco. Em Taiwan, os viajantes deverão cumprir quarentena; na Índia, eles deverão ser testados.

Países com restrições ao sul da África

Baniram voos

  • Brasil
  • Estados Unidos
  • Reino Unido
  • Itália
  • Holanda
  • República Tcheca
  • França
  • Israel
  • Filipinas
  • Marrocos
  • Bahrein
  • Arábia Saudita
  • Chipre
  • Suíça
  • Turquia
  • Canadá
  • Irã
  • Egito
  • Bahrein
  • Grécia
  • Singapura
  • Áustria
  • Malta

Aumentaram medidas de controle

  • Japão
  • Índia
  • Taiwan
  • Malasia

OMS se reúne e faz alerta sobre restrições

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou os países nesta sexta contra a imposição apressada de restrições de viagens relacionadas à nova variante, dizendo que eles deveriam tomar uma "avaliação de risco baseada na ciência".

"Até o momento, a implementação de medidas restritivas a viagens não é recomendada", disse o porta-voz da OMS, Christian Lindmeier, em uma entrevista coletiva da ONU em Genebra. "A OMS recomenda que os países continuem a aplicar uma abordagem científica e baseada no risco ao implementar medidas de viagem."

Nesta sexta, o órgão se reúne para avaliar as informações disponíveis da variante, bem como para determinar se ela será classificada como "variante de interesse ou variante de preocupação".

O que se sabe sobre a variante

Os cientistas ainda estão avaliando a nova variante do vírus, identificada pela primeira vez esta semana. Sua descoberta na sexta-feira atingiu os mercados financeiros da Ásia, onde as ações sofreram a maior queda em três meses e o petróleo despencou mais de 3%.

A variante B.1.1.529 do novo coronavírus foi nomeada como Ômicron e classificada como variante de preocupação pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta sexta-feira (26).

A decisão do  grupo consultivo técnico da OMS sobre evolução do vírus SARS-CoV-2 teve como base as evidências apresentadas que indicam alterações prejudiciais na epidemiologia da Covid-19 devido à linhagem.

Atualmente, a OMS considera como variantes de preocupação cinco linhagens do novo coronavírus: a Alfa (B.1.1.7), do Reino Unido, a Beta (B.1.351), da África do Sul, a Delta (B.1.617.2), da Índia, a Gama (P.1), do Brasil, e a Ômicron (B.1.1.529), de diferentes países, segundo a OMS.

Países com casos confirmados da nova variante da Covid-19

  • África do Sul
  • Bostuana
  • Hong Kong
  • Israel
  • Bélgica

*Com informações da Reuters