Presos após eleição na Venezuela têm pedidos de defesa negados, diz ONG de direitos humanos

Gonzalo Himiob, vice-presidente da Foro Penal, avalia que país vive repressão "nunca vista antes" após pleito que reelegeu Nicolás Maduro

Da CNN
Polícia Nacional Venezuelana vista através de uma barricada montando guarda parando os manifestantes durante o 208º aniversário da declaração de independência da Venezuela em 5 de julho de 2019 em Caracas  • Edilzon Gamez/Getty Images
Compartilhar matéria

Gonzalo Himiob, vice-presidente da ONG Foro Penal, disse a Fernando del Rincón, da CNN, que a Venezuela está sofrendo uma repressão que “nunca foi vista antes”, pois há uma grave escalada nas detenções arbitrárias.

“[É uma] escalada repressiva que nunca foi vista no país, não desta forma. Vemos perseguição contra pessoas que se manifestam pacificamente, mas também contra pessoas que nem sequer se manifestaram”, disse Himiob à CNN.

Himiob acrescentou que das mais de 1.000 detenções confirmadas há pelo menos 100 adolescentes e várias pessoas com deficiência e em situação de vulnerabilidade.

“Isso já aconteceu antes, mas a verdade é que o direito à defesa, de escolher uma pessoa para defendê-lo, é completamente violado. De 29 de julho até hoje [aos detidos] foi negado o contato com suas famílias ou mesmo a possibilidade de decidir sua defesa, um defensor público é imposto a eles", disse Himiob.

Afirmou ainda que as audiências decorrem em centros de detenção, aos quais ninguém tem acesso e os juízes nem sequer comparecem pessoalmente, o que limita o devido acompanhamento dos casos.

Além disso, o diretor do Foro Penal denunciou que o Ministério Público os acusa de crimes graves, como o terrorismo, sem sequer iniciar uma investigação.

Na segunda-feira, o Foro Penal informou que pelo menos 1.010 pessoas foram presas na Venezuela, 91 delas menores.

A organização registrou prisões em todos os 23 estados do país. Caracas e os estados de Carabobo e Anzoátegui são onde foi registrado o maior número de prisões, segundo o Foro Penal.

Manifestantes na Venezuela expressam sua raiva em frente a uma fileira de policiais durante um protesto contra os resultados oficiais da eleição presidencial em 2024 / Jeampier Arguinzones/picture alliance via Getty Images
Manifestantes na Venezuela expressam sua raiva em frente a uma fileira de policiais durante um protesto contra os resultados oficiais da eleição presidencial em 2024 / Jeampier Arguinzones/picture alliance via Getty Images

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse nesta terça-feira que 2.229 pessoas que participaram nos protestos pós-eleitorais no país desde 29 de julho foram presas até agora.

Maduro insistiu que os detidos, que descreveu como “terroristas”, afetam a Venezuela e são incitados pelo principal candidato da oposição, Edmundo González, e pela líder da oposição María Corina Machado.

Esse conteúdo foi publicado originalmente em
espanholVer original