Primeiro-ministro da França perde voto de confiança do Parlamento

François Bayrou terá que entregar carta de renúncia e se tornará o quarto premiê a deixar o cargo em menos de dois anos

Da CNN
Compartilhar matéria

O primeiro-ministro da França, François Bayrou, perdeu o voto de confiança do Parlamento nesta segunda-feira (8).

Um total de 364 parlamentares votaram contra o primeiro-ministro e 194 votaram a favor. Bayrou agora será forçado a renunciar em menos de um ano no cargo, seguindo os passos de seu antecessor Michel Barnier, que perdeu um voto de desconfiança em dezembro do ano passado.

Bayrou deve apresentar sua renúncia ao presidente francês, Emmanuel Macron, na manhã de terça-feira (9), de acordo com a BFMTV, afiliada da CNN .

Os parlamentares franceses votaram pela destituição de Bayrou após o premiê tentar aprovar um impopular plano de cortes de gastos de € 44 bilhões. A medida incluía o cancelamento de dois feriados o congelamento dos gastos do governo.

“Vocês têm o poder de derrubar o governo, mas não têm o poder de apagar a realidade”, disse Bayrou aos parlamentares na sessão desta segunda-feira, antes da votação. “A realidade permanecerá implacável: as despesas continuarão a aumentar e o peso da dívida, já insuportável, ficará mais pesado e mais caro.”

“Quebramos o contrato social” com as gerações mais jovens, acrescentou Bayrou.

O colapso do governo lança a França à uma nova crise política em um momento de crescente pressão econômica e tensões geopolíticas.

O presidente francês, Emmanuel Macron, agora terá poucas opções. A líder de ultradireita Marine Le Pen exige que Macron dissolva o parlamento, mas novas eleições provavelmente fortaleceriam o partido dela, o União Nacional, e dividiriam ainda mais a Assembleia.

Outro caminho seria Macron nomear um governo provisório enquanto avalia um sucessor. O ministro das Forças Armadas, Sébastien Lecornu, e o Ministro da Justiça, Gérald Darmanin, seriam os principais cotados.

O problema é que depois de três primeiros-ministros centristas fracassados, os partidos da oposição não estão dispostos a dar uma oportunidade a mais um. Tanto a ultradireita como a esquerda radical sinalizaram que pediriam um voto de desconfiança imediatamente.

Outra opção seria nomear um primeiro-ministro mais ao extremo do espectro político, mas uma escolha de premiê de direita seria bloqueada pela esquerda e vice-versa.

A França passa por um período de instabilidade política desde que Macron decidiu convocar eleições antecipadas em 2024.

Incomodado com os resultados notáveis ​​do partido de ultradireita União Nacional nas eleições para o Parlamento Europeu de maio do ano passado, a votação levou o partido de Macron a perder assentos para a ultradireita e a extrema esquerda, deixando a França com um Parlamento fragmentado.