Sobrevivente do Holocausto está entre vítimas na Austrália; saiba quem eram
Pelo menos 15 pessoas morreram no ataque a tiros, idades variam de 10 a 87 anos

Uma menina de 10 anos, uma sobrevivente do Holocausto e um jovem francês estão entre as pelo menos 15 pessoas mortas no ataque à praia de Bondi, na Austrália, no domingo (15).
As vítimas do pior ataque a tiros na Austrália em quase 30 anos ainda não foram oficialmente identificadas, mas seus familiares e amigos estão prestando homenagens àqueles que perderam.
O primeiro-ministro do estado australiano de Nova Gales do Sul, Chris Minns, disse que as vítimas têm entre 10 e 87 anos.
Matilda
Matilda, de 10 anos, foi descrita pela tia como uma “criança muito doce e feliz, com um lindo sorriso”.
Ela estava aproveitando as festividades na praia de Bondi com seus pais, sua irmã mais nova e amigos, quando os dois homens armados abriram fogo. Matilda foi ferida no tiroteio e levada às pressas para o hospital, onde os médicos lutaram sem sucesso para salvá-la.
“Crianças deveriam ser felizes. Elas deveriam estar brincando na praia, não pensando em balas voando por aí”, disse sua tia Lina, que não quis revelar o sobrenome da família.
A professora de russo de Matilda a descreveu como uma “criança brilhante, alegre e espirituosa que iluminava a todos ao seu redor”. A professora, Irina Goodhew, criou uma página no GoFundMe em nome da família da menina.
A família havia se mudado da Ucrânia para a Austrália na década de 1990 e gostava de passear na praia, fazer piqueniques no parque e ir ao zoológico, disse Lina.
A Escola Russa Harmony de Sydney afirmou, em um comunicado publicado no Facebook, que Matilda era uma ex-aluna. “Honramos sua vida e o tempo que ela passou como parte de nossa família escolar”, dizia a publicação.
Rabino Eli Schlanger
O rabino Eli Schlanger, de 41 anos, organizou o evento “Chanukah à Beira-Mar” na praia de Bondi e atuou como rabino assistente no evento, informou a organização judaica em um comunicado.
“Schlanger era um rabino e capelão dedicado”, disse a organização judaica Chabad, acrescentando que ele trabalhou incansavelmente “para apoiar a vida judaica na comunidade de Bondi”.
“Por 18 anos, os Schlanger serviram à comunidade judaica, mas a influência do rabino se estendeu muito além das paredes de uma única sinagoga. Ele atuou como capelão do Serviço Correcional de Nova Gales do Sul e dos Prisioneiros de Guerra de Nova Gales do Sul; também foi capelão do Hospital St. Vincent em Darlinghurst, onde ministrou a pacientes e familiares”, afirmou a Chabad.
O primo de Schlanger, o rabino Zalman Lewis, o descreveu como "um cara verdadeiramente incrível" em uma publicação no Facebook. "Ele deixa esposa e filhos pequenos, além do meu tio, tia e irmãos."
O rabino, nascido na Grã-Bretanha, era pai de cinco filhos, sendo o caçula nascido em outubro, confirmou a organização.
"Schlanger será sepultado em Jerusalém", acrescentou a Chabad.

Alex Kleytman
Alex Kleytman, de 87 anos, era um sobrevivente do Holocausto que morreu ao proteger sua esposa Larisa de uma das balas dos atiradores, segundo a organização judaica.
Kleytman, natural da Ucrânia, deixa esposa, dois filhos e 11 netos, acrescentou a Chabad.
A afiliada da CNN, 9News, informou que Kleytman sobreviveu ao Holocausto com sua mãe e seu irmão mais novo na Sibéria, antes de emigrar da Ucrânia para a Austrália com sua esposa. Eles foram casados por quase 60 anos.
Dan Elkayam
O cidadão francês Dan Elkayam também estava entre os mortos.
O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot, disse que Elkayam estava reunido na praia de Bondi com outros membros da comunidade judaica para celebrar a primeira noite de Hanukkah.
"A França não poupará esforços para erradicar o antissemitismo onde quer que ele surja e para combater o terrorismo em todas as suas formas", declarou ele na rede social X.
Elkayam era fã de futebol e jogava pelo time da Premier League 1 do Rockdale Ilinden FC. Seu clube o descreveu como "uma figura extremamente talentosa e popular" e disse que ele fará falta.
O presidente da categoria júnior, Peter Doncevski, disse à CNN que o clube estava prestando apoio à namorada de Elkayam, que sobreviveu.
Elkayam havia se mudado recentemente da França para a Austrália e, desde dezembro passado, prestava suporte técnico à empresa global de mídia NBC Universal em Sydney, segundo seu perfil no LinkedIn.
Rabino Yaakov Levitan
O rabino Yaakov Levitan era secretário do Beth Din (tribunal judaico) de Sydney e estava "profundamente envolvido nas operações do Chabad em Sydney", informou a organização.
Reuven Morrison
Reuven Morrison era um empresário e residente de longa data em Melbourne, informou o Chabad em uma publicação no X.
Morrison era originário da antiga União Soviética e havia "descoberto sua identidade judaica em Sydney".
Ele era um "empresário de sucesso cujo principal objetivo era doar seus ganhos para instituições de caridade que lhe eram caras", disse o Chabad.
Morrison deixa esposa e filha, segundo a organização.
Peter Meagher
Peter Meagher, ex-detetive de Nova Gales do Sul e membro do clube de rugby, também foi morto no ataque, confirmou o Randwick DRUFC.
“'Marzo', como era universalmente conhecido, era uma figura muito querida e uma lenda absoluta em nosso clube. Com décadas de envolvimento voluntário, ele era uma das figuras centrais e a alma do Randwick Rugby”, disse o clube.
Meagher trabalhava como fotógrafo freelancer no evento de Hanukkah no momento do ataque.
Ele serviu na polícia por quase 40 anos e se aposentou como sargento detetive.
“A trágica ironia é que ele passou tanto tempo na perigosa linha de frente como policial e foi assassinado na aposentadoria, enquanto tirava fotos em sua profissão que tanto amava. É realmente difícil de compreender”, disse o Randwick DRUFC.
Tibor Weitzen
Tibor Weitzen, de 78 anos, está sendo lembrado como um “vovô querido” que “amava a vida”.
A neta de Weitzen disse à afiliada da CNN, 9News, que a família está “devastada” com sua morte. “É simplesmente devastador. Honestamente, não tenho palavras”, disse ela, segundo relatos.
Weitzen era membro da Sinagoga Chabad e estava no evento de Hanukkah na praia de Bondi com sua esposa e netos quando homens armados começaram a atirar, informou o 9News.
A Chabad descreveu Weitzen como "o querido 'vendedor de doces' da congregação, que trazia alegria e sorrisos a todos". Weitzen, bisavô, "perdeu a vida protegendo seus entes queridos", acrescentou a Chabad.
Marika Pogany
Marika Pogany, de 82 anos, foi fatalmente baleada enquanto participava do evento de Hanukkah no domingo, informou o 9News.
Pogany era uma voluntária dedicada e ganhou vários prêmios por seus anos de serviço à comunidade judaica. Em 2022, ela recebeu um prêmio por entregar 12 mil refeições kosher do programa Meals on Wheels ao longo de mais de duas décadas.
Seus amigos descreveram Pogany como uma “pessoa incrível”, segundo a emissora.


