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    Submarino desaparecido em expedição ao Titanic: entenda como é possível fazer o resgate

    Objetos desaparecidos podem ser localizados a partir de um sonar, instrumento que funciona a partir da emissão de ondas sonoras no oceano

    Lucas Rochada CNN , em São Paulo

    As buscas pelo submarino Titan, que desapareceu no início da semana, com cinco pessoas a bordo, continuam nesta terça-feira (20).

    A Guarda Costeira dos Estados Unidos atualizou as informações sobre a operação, detalhando que os passageiros contam com cerca de 40 horas de “ar respirável” no submersível.

    O doutor em Gerenciamento de Riscos e Segurança da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Gerardo Portela explica como funciona uma operação de resgate como esta em contextos críticos.

    Buscas

    Submarinos desaparecidos podem ser localizados a partir de um sonar. O instrumento funciona a partir da emissão de ondas sonoras no oceano.

    “Sonar é navegação e determinação da distância pelo som. O princípio de funcionamento é o seguinte: eu emito um ultrassom ou um infrassom e essa onda sonora, ao encontrar um obstáculo, vai ser refletida de volta para o navio que detém o sonar. De acordo com o tempo de ida e de retorno, é possível saber a distância que aquele obstáculo está. Na água, o som é propagado, mas se ele não encontrar um obstáculo ele não retorna”, explica Portela.

    O submersível Titan, da Oceangate, foi projetado para a profundidade máxima de 4 mil metros. A exploração oceânica tinha como objetivo visualizar os destroços remanescentes do naufrágio do Titanic, em 1912, que estão a cerca de 3,8 mil metros.

    Quanto mais profundo o mergulho no oceano, maior a pressão exercida sobre um objeto. O pesquisador da UFRJ explica que se o submersível ultrapassar a profundidade máxima para a qual ele foi desenvolvido, há riscos de danos estruturais significativos.

    O submersível é uma espécie de cápsula capaz de realizar uma exploração de algumas horas, de acordo com condições de capacidade e de resistência específicas de cada modelo.

    “É algo parecido com o que a gente diz de algo ser à prova d’água, como um relógio. Ele tem que ter estanqueidade, ou seja, uma vez fechado o locker por onde entram as pessoas, ele tem que resistir àquela pressão extrema sem deixar a água entrar, sem ser danificado. Às vezes, a pressão chega ao ponto de amassar e danificar equipamentos”, explica o pesquisador.

    Falhas associadas à pressão podem levar a danos estruturais, como a entrada de água ou despressurização da cabine. “Você tem que manter uma pressão interna adequada para o ser humano sobreviver, considerando que a pressão que está no exterior, no fundo do mar, é muito superior. Se, de alguma forma, equalizar a pressão, você vai ter danos à vida muito rapidamente”, detalha.

    / Arte CNN

    Resgate

    Caso o submersível Titan seja localizado pelas equipes de busca, ele poderá ser trazido de volta à superfície com o apoio de equipamentos especializados.

    “Se ele for localizado, pode ser resgatado. O que não é certo é se as pessoas estarão com vida ou não. Lembrando que esse tipo de equipamento é feito para que as pessoas passem algumas horas, para que cumpra-se uma missão, de inspeção, de aventura ou esporte radical, ou de operações offshore, que são relacionadas à indústria de petróleo e gás”, afirma o especialista.

    Segundo Portela, o submersível pode ser retirado do mar independentemente do estado em que se encontrar. Equipamentos utilizados na indústria offshore, de petróleo e gás, são capazes de acessar locais profundos do oceano, abaixo de 4 mil metros. “Esses equipamentos ROV, remotely operated vehicle, conseguem chegar à cápsula assim como outros equipamentos de resgate”, diz.

    “Pode ser resgatado, mesmo que esteja em uma posição intermediária. Vamos supor que ele não tenha potência ou propulsão suficiente para subir, mas esteja em uma posição na qual consiga se manter. Sendo detectado, é possível chegar até ele com outros equipamentos e fazer o resgate da cápsula inteira ou tentar, se a pressão permitir, abri-la e retirar as pessoas de dentro”, explica.

    O pesquisador da UFRJ acrescenta que existe a possibilidade de que a embarcação esteja flutuando.

    “Se ele estiver íntegro, sem água dentro, ele pode ser configurado para flutuar. Então, é possível que em uma situação de emergência o operador tenha feito essa ação. Ele teria que ser detectado com um sobrevoo do resgate aéreo marítimo”, afirma.

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