Taiwan proíbe app da China por um ano após preocupações com fraudes

Plataforma similar ao Instagram, com 3 milhões de usuários taiwaneses, é banida por não cooperar com investigações e levantar preocupações sobre propaganda pró-Pequim

John Liu, da CNN
O logotipo da plataforma chinesa de mídia social para compartilhamento de estilo de vida Xiaohongshu é exibido na tela de um smartphone em Suqian, China, em 11 de setembro de 2025  • VCG/AP via CNN Newssource
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O governo de Taiwan determinou o bloqueio por um ano de um popular aplicativo de mídia social de propriedade chinesa após sua recusa em cooperar com autoridades em questões relacionadas a fraudes.

O Xiaohongshu, também conhecido como RedNote, ganhou popularidade entre os jovens taiwaneses nos últimos anos, acumulando três milhões de usuários na democracia autônoma de 23 milhões de habitantes. No entanto, a plataforma similar ao Instagram também gerou preocupações entre autoridades sobre seu possível uso em campanhas de propaganda pró-Pequim ou desinformação, as quais Taiwan afirma combater há anos.

O Partido Comunista Chinês reivindica Taiwan como parte de seu território, apesar de nunca tê-lo controlado, e prometeu anexá-lo à força, se necessário.

O Ministério do Interior de Taiwan citou na quinta-feira (4) a recusa do Xiaohongshu em cooperar com as autoridades como base para a proibição, alegando que a plataforma está ligada a mais de 1.700 casos relacionados a fraudes que resultaram em perdas financeiras de 7,9 milhões de dólares.

"Devido à impossibilidade de obter dados necessários de acordo com a lei, as autoridades policiais encontraram obstáculos significativos nas investigações, criando um vácuo legal de fato", disse o ministério em comunicado.

A CNN entrou em contato com o Xiaohongshu para comentários. Ainda não está claro quando a proibição entrará em vigor. Os usuários em Taiwan ainda podiam acessar o aplicativo na tarde de sexta-feira (5).

A proibição ocorre em meio à crescente preocupação de governos em todo o mundo sobre vulnerabilidades de cibersegurança e campanhas de desinformação associadas a aplicativos chineses como Xiaohongshu e TikTok, que ganharam popularidade global.

As regulamentações chinesas exigem que as empresas armazenem dados domesticamente e permitam o acesso do governo a esses dados. Pequim também monitora ativamente e censura conteúdos que considera desfavoráveis, uma prática que especialistas dizem poder influenciar a opinião pública.

O Congresso dos EUA aprovou uma lei no ano passado que forçou a empresa chinesa ByteDance, proprietária do TikTok, a vender a plataforma para um proprietário americano ou enfrentar um banimento, o que fez o aplicativo ficar fora do ar por várias horas no início deste ano. O presidente Donald Trump posteriormente tentou salvar a plataforma e negociou um acordo com a China, embora um acordo final ainda não tenha sido firmado.

A Índia bloqueou o TikTok e dezenas de outros aplicativos chineses por preocupações semelhantes em 2020.

Vários países ocidentais, incluindo os EUA, o Reino Unido e nações da União Europeia, proibiram o TikTok em dispositivos governamentais por motivos de segurança nacional desde 2023.

O estado americano do Texas também incluiu o Xiaohongshu em sua lista de aplicativos proibidos em dispositivos governamentais.

Desde 2019, Taiwan já havia proibido o Xiaohongshu, o TikTok e sua versão chinesa Douyin em dispositivos oficiais.

No início desta semana, o Ministério de Assuntos Digitais de Taiwan identificou cinco aplicativos que representam "riscos significativos à cibersegurança", incluindo Xiaohongshu, TikTok, o Weibo (similar ao X) e o WeChat, super aplicativo chinês. Segundo o ministério, esses apps podem coletar dados sensíveis e compartilhá-los com terceiros sem consentimento. Uma avaliação de segurança cibernética conduzida pelo Departamento de Segurança Nacional também revelou que o Xiaohongshu foi reprovado em todas as suas análises.

No entanto, a proibição já provocou reações negativas de usuários e partidos de oposição, que a descreveram como uma violação à liberdade de expressão.

"Costumávamos zombar das pessoas na China por precisarem de VPNs para acessar informações", disse Lai Shyh-bao, legislador do principal partido de oposição Kuomintang, que defende laços mais estreitos com a China, em publicação no Facebook.

"A liberdade na internet em Taiwan está caminhando para um dia em que as pessoas precisarão de VPNs", afirmou.

O Ministério do Interior informou que as principais plataformas internacionais como Facebook, Google, LINE e TikTok já nomearam representantes legais em Taiwan, cumpriram as regulamentações locais e suas obrigações legais.

As autoridades taiwanesas solicitaram que o Xiaohongshu, com sede em Xangai, apresentasse planos concretos de correção, mas a empresa ainda não respondeu, acrescentou o ministério.

"Este não é um problema exclusivo de Taiwan. Ele existe em todo o mundo, e mesmo dentro da China esta plataforma tem repetidamente violado regulamentações... Do nosso ponto de vista, é uma plataforma maliciosa — que está além da supervisão legal e opera com intenções obscuras", disse Ma Shih-yuan, vice-ministro do Interior, em coletiva de imprensa na quinta-feira.

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