Ucranianos vão lutar até o fim para evitar política russa, diz refugiada brasileira
À CNN, Cristiane Nedashkovskaya conta que demorou três dias para conseguir fugir da Ucrânia e diz que sogros se recusaram a deixar o país
O dia que antecedeu 24 de fevereiro, que marcou a invasão russa à Ucrânia, já foi tenso para a publicitária brasileira Cristiane Nedashkovskaya, que morava em Bila Tserkva, na região metropolitana de Kiev.
Em entrevista à CNN, ela contou que durante ao longo de toda a semana sentiu um clima pesado, com a tensão no ar. Naquela noite, que marcaria o começo da guerra, ela chegou a tomar remédio para dormir.
“Acordei com uma ligação de um amigo que é brasileiro, que me disse: ‘está acontecendo’. Escutei o estouro de uma bomba, estava na casa dos meus sogros e fui acordá-los. Já vimos os clarões pela janela”, disse.
O carro estava com comida estocada e malas prontas, mas ela passaria ainda pelo posto de gasolina para deixar o local.
Nesse meio tempo, ela descobriu que os sogros não fugiriam junto com ela. Devido à lei marcial, homens entre 18 e 65 anos não podem deixar o território ucraniano, e a sogra se recusou a deixar o cunhado de Cristiane e o marido.
“Foi uma decisão muito difícil, como se eu estivesse abandonando minha família, mas senti que também devia isso à minha família brasileira. Eu e meu marido, que está a trabalho em Dubai, também seríamos o único suporte financeiro para quem fica”.
Ela conta que os preços de itens básicos já aumentaram nos supermercados.
Durante o percurso rumo à fronteira com a Romênia, ela lembra de um momento tenso: “Havia uma barricada da polícia com sirenes, vinha um comboio de tanques do exército e passando caças, com gente se jogando no chão, e não sabíamos o que fazer”.
A publicitária, que morava há 1 ano e meio na Ucrânia, levou quatro dias para fugir e relatou que a fronteira com a Romênia estava lotada: “A comida estava acabando, água também, a situação sanitária ali perto também estava horrível”.
Ela, então, decidiu sair da fronteira e dormir na casa de ucranianos que a receberam, que revelaram que seria mais fácil sair do país pela Moldova. E foi o que aconteceu. Depois, ela tomou o caminho para Berlim, na Alemanha, onde está agora.
A brasileira relatou que havia descrença de que os russos invadiriam de fato a Ucrânia, mas ressaltou que a resistência ucraniana é muito grande.
Ela lembrou que os ucranianos “estão indo para a rua, estão enfrentando os tanques do exército russo, se for preciso morrer para evitar a política autocrata russa, vão morrer, estão lutando pela liberdade”.
Segundo ela, o marido deve ir à Alemanha no final do mês, mas ele não descarta retornar para a Ucrânia: “Ele disse para mim que, se ele voltasse, eu deveria entendê-lo, ele tem medo de não ver os pais, e também iria para lutar pelo país”.
Até o momento, ela mantém a comunicação com os sogros pelo Telegram “para saber que todos estão vivos”.
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Refugiados da Ucrânia chegam a abrigo temporário em Korczowa, na Polônia • Sean Gallup/Getty Images
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Refugiados choram e se abraçam após encontrar parentes do outro lado da fronteira da Ucrânia com a Polônia • Attila Husejnow/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
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Pessoas esperam por refugiados em estação de trem nas proximidades da fronteira entre Rússia e Ucrânia • Janos Kummer/Getty Images
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Refugiada ucraniana cruza a pé a fronteira da Ucrânia com a Polônia • Attila Husejnow/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
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Refugiados acampam perto da fronteira entre a Ucrânia e a Polônia • Beata Zawrzel/NurPhoto via Getty Images
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Abrigo de refugiados ucranianos na Polônia • Agnieszka Majchrowicz/Anadolu Agency via Getty Images
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Estação de trem na Polônia registra alto fluxo de refugiados vindos da Ucrânia • Agnieszka Majchrowicz/Anadolu Agency via Getty Images
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Pessoas evacuam a cidade de Irpin, a noroeste de Kiev, no décimo dia da guerra Rússia-Ucrânia em 5 de março de 2022 • Wolfgang Schwan/Anadolu Agency via Getty Images
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Crianças evacuadas de um orfanato em Zaporizhzhia chegam ao principal terminal ferroviário em Lviv, Ucrânia, no dia 5 de março • Dan Kitwood/Getty Images
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Estudantes indianos voltaram da Ucrânia depois da invasão da Rússia; pais e outros parentes se emocionaram ao receber os alunos no aeroporto internacional Índia Gandhi, em Nova Délhi, Índia, no dia 5 de março. Governo indiano amplia a Operação Ganga, uma operação de resgate para evacuar cidadãos indianos • Salman Ali/Hindustan Times via Getty Images
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Refugiados que fugiram da Ucrânia estão sendo abrigados em um ginásio esportivo em Zgorzelec, na Polônia • Danilo Dittrich/picture alliance via Getty Images
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Pessoas que fugiram da guerra na Ucrânia encontram abrigo em ginásio esportivo convertido temporariamente em um abrigo, na região de Nowa Huta, em Cracóvia, na Polônia, em 15 de março de 2022 • Omar Marques/Getty Images
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Refugiados ucranianos cruzam a ponte sobre o rio Tisza, que conecta a Ucrânia com a Romênia • Denise Hruby/CNN
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Refugiados e voluntários locais descarregando ajuda vinda da Romênia • Denise Hruby/CNN
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Refugiados ucranianos estão sendo acolhidos em centro a dois quilômetros de distância do antigo campo de extermínio nazista de Auschwitz-Birkenau • Reuters
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Rada, 2 anos, alimenta-se em Medyka, Polônia, após deixar a Ucrânia 11/03/2022 • REUTERS/Fabrizio Bensch
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Ponto de ajuda para refugiados da Ucrânia que foi inaugurado no Estádio Municipal Henryk Reymans. em Cracóvia, na Polônia • NurPhoto via Getty Images
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Pessoas retiradas da região de Mariupol, na Ucrânia • Foto: Alexander Ermochenko/REUTERS
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Voluntários preparam ajuda humanitária para refugiados em Lviv, Ucrânia • 06/03/2022REUTERS/Pavlo Palamarchuk