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    William Waack

    Waack: Ação contra o Hezbollah tem consequências imprevisíveis

    Para neutralizar o Hezbollah, Israel teria de embarcar numa enorme operação provavelmente terrestre e de duração imprevisíveis

    William Waack

    Israel executou hoje um dos maiores bombardeios do último ano. Foram mais de 60 missões contra alvos do grupo Hezbollah, no sul do vizinho Líbano.

    Os ataques aéreos foram a terceira grande ação militar de Israel contra o Hezbollah depois de explodir pagers e walkie-talkies. O que mais vem agora?

    O governo israelense está dizendo que a guerra com o Hezbollah entrou numa nova fase. Mas com qual objetivo estratégico?

    No caso do Hamas era extirpar completamente o grupo responsável pelos atentados terroristas de outubro do ano passado. Objetivo até aqui não alcançado.

    Os temores de que a região embarque num conflito militar ainda mais intenso, perigoso e abrangente está no fato de que o Hezbollah tem capacidade muitíssimo superior à do Hamas. E logística desimpedida em relação ao seu patrono e principal aliado, o Irã.

    O Hezbollah tem condições de paralisar boa parte da infraestrutura israelense, como portos e aeroportos. É parte essencial naquilo que o Irã chama de arco da resistência, cujo objetivo é tirar Israel do mapa e, no mínimo, neutralizar a presença dos Estados Unidos naquele setor do Oriente Médio.

    Em relação ao Hezbollah, e também em relação ao Irã, Israel demonstrou enorme superioridade tecnológica tática. Mas superioridade tática não é uma estratégia.

    Golpes espetaculares contra o inimigo como Israel vem demonstrando são feitos por profissionais muito bem treinados. Mas desenhar estratégias é para líderes políticos com visão de horizontes mais amplos.

    Para neutralizar o Hezbollah, Israel teria de embarcar numa enorme operação provavelmente terrestre. De alcance, duração imprevisíveis. E consequências idem. É diante disto que estamos agora.

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