Ativistas cobrem obra-prima de 200 anos e colam as mãos na moldura em protesto
Essa é a mais recente manifestação de uma série de ações da Just Stop Oil
Dois ativistas climáticos se colaram a uma obra-prima de 200 anos na National Gallery de Londres na segunda-feira (4), sendo a manifestação mais recente de uma série de protestos do grupo ambientalista britânico Just Stop Oil.
A dupla cobriu a famosa pintura de paisagem de John Constable “The Hay Wain” com uma versão modificada da imagem antes de colocar as mãos na moldura.
A manifestação ocorre apenas um dia depois que cinco ativistas da Just Stop Oil interromperam o Grande Prêmio da Grã-Bretanha de Fórmula 1 ao se sentarem na pista de Silverstone. Na semana passada, membros do grupo também se colaram aos quadros de pinturas em Londres, Glasgow e Manchester, incluindo os famosos “Peach Trees in Blossom” de Vincent van Gogh.
Concluído em 1821, “The Hay Wain” está entre as obras de arte mais conhecidas da Grã-Bretanha. Representando o rio Stour, que divide os condados ingleses de Suffolk e Essex, é considerada uma das pinturas por excelência de Constable.
A versão modificada dos manifestantes viu o rio substituído por uma estrada pavimentada, com chaminés de fábrica retratadas ao fundo e aviões sobrevoando.
A Just Stop Oil, que está pedindo que o governo do Reino Unido bloqueie as licenças para futura extração de petróleo e gás, identificou os manifestantes como os estudantes Hannah Hunt e Eben Lazarus.
A Polícia Metropolitana de Londres confirmou à CNN que duas pessoas foram presas por suspeita de danos criminais e mais tarde foram libertadas sob fiança enquanto aguardam mais investigações.
Em um vídeo do incidente de segunda-feira, postado na conta do Twitter da Just Stop Oil, Lazarus, um estudante de música de 22 anos, pode ser ouvido dizendo aos espectadores que a versão “reimaginada” da pintura “mostra a natureza destrutiva de nosso vício em petróleo“.
Listen to why Eben took this action today.
Just Stop Oil has been targeting art, as well as sport as it is part of our collective culture.
We love our history and culture too much to just allow it all to be destroyed.
Join the resistance – https://t.co/7BzUVS02dZ pic.twitter.com/3c7sX8QSdl
— JustStopOil (@JustStop_Oil) July 4, 2022
“Quero trabalhar nas artes, não interrompê-las”, ele diz. “Mas a situação em que estamos significa que temos que fazer todo o possível de forma não violenta para evitar o colapso civilizacional para o qual estamos nos aproximando.”
A National Gallery disse que a pintura foi removida da vista após o incidente e desde então foi examinada por conservadores.
“‘The Hay Wain’ sofreu pequenos danos em sua moldura e também houve alguma interrupção na superfície do verniz na pintura — ambos já foram tratados com sucesso”, disse a galeria à CNN em comunicado, acrescentando que a pintura estará de volta em exibição a partir desta terça-feira (5).
Fundada no início de 2022, a Just Stop Oil embarcou em vários protestos de alto nível nos últimos meses. Em março, uma partida de futebol da Premier League foi interrompida quando um manifestante se amarrou a uma das traves do gol.
No mês passado, quatro dos apoiadores do grupo cobriram a parede externa e os degraus da sede do Tesouro do governo do Reino Unido com tinta vermelha.
Em um comunicado de imprensa divulgado pelo grupo na segunda-feira, Hunt, de 23 anos, disse que os protestos só terminariam quando “o governo do Reino Unido fizer uma declaração significativa de que encerrará novas licenças de petróleo e gás”.
“Em última análise, os novos combustíveis fósseis são um projeto de morte do nosso governo”, disse o estudante de psicologia.
“Então, sim, há cola na moldura desta pintura, mas há sangue nas mãos de nosso governo.”