Autorretrato inédito de Van Gogh é descoberto atrás de outra pintura do artista
Descoberta foi feita com ajuda de imagem de raio-X; retrato estava atrás da obra "Retrato de Mulher (Cabeça de Camponesa), de 1885
Um autorretrato escondido de Vincent van Gogh foi descoberto atrás de uma de suas pinturas, coberto por camadas de cola e papelão por mais de um século.
A imagem foi encontrada quando conservadores de arte tiraram um raio-X da pintura “Retrato de Mulher (Cabeça de Camponesa)” de Van Gogh, de 1885, antes de uma exposição futura.
Eles descobriram a imagem escondida na parte de trás de sua tela coberta por uma folha de papelão, de acordo com um comunicado de imprensa das Galerias Nacionais da Escócia (NGS, na sigla em inglês).
Especialistas dizem que a obra de arte revelada era desconhecida até agora.
“Momentos como esse são incrivelmente raros”, disse Frances Fowle, curadora sênior de arte francesa do NGS, no comunicado à imprensa nesta quinta-feira (13). “Descobrimos uma obra desconhecida de Vincent van Gogh, um dos artistas mais importantes e populares do mundo.”
O mestre holandês costumava reutilizar telas para economizar dinheiro, transformando-as para trabalhar no verso, disse o NGS.
Acredita-se que o autorretrato subjacente tenha sido feito durante um momento chave na carreira de Van Gogh, quando ele foi exposto ao trabalho dos impressionistas franceses depois de se mudar para Paris.
A imagem de raio-X “totalmente convincente” mostra “um assistente barbudo com um chapéu de abas com um lenço frouxamente amarrado na garganta. Ele fixa o espectador com um olhar intenso, o lado direito do rosto na sombra e a orelha esquerda claramente visível”, de acordo com o comunicado.
Embora a condição do autorretrato real seja desconhecida, se puder ser descoberta, espera-se que ajude a lançar uma nova luz sobre o renomado artista.
O processo de remoção da cola e do papelão exigirá um delicado trabalho de conservação. A pesquisa está em andamento sobre como isso pode ser feito sem prejudicar a tela “Retrato de Mulher (Cabeça de Camponesa)”.
A pintura, que mostra uma mulher local da cidade de Nuenen, no sul da Holanda, onde o artista viveu de dezembro de 1883 a novembro de 1885, chegou ao NGS em 1960 como presente de um advogado de Edimburgo.
Foi provavelmente por volta de 1905, quando a tela foi emprestada para uma exposição no Museu Stedelijk, em Amsterdã, que foi tomada a decisão de colar a tela em papelão antes de emoldurar, segundo o comunicado de imprensa.
O NGS acrescentou que, na época, “Retrato de Mulher (Cabeça de Camponesa)” provavelmente era um quadro considerado mais “acabado” do que o auto-retrato de Van Gogh.
A pintura mudou de mãos várias vezes até ir para a Escócia em 1951.
A imagem de raio-X pode ser vista publicamente pela primeira vez através de uma caixa de luz especialmente criada quando ocupa o centro do palco na exposição “A Taste for Impressionism” entre 30 de julho e 13 de novembro na Royal Scottish Academy, em Edimburgo.
Não é a primeira vez que pinturas de artistas famosos são descobertas sob outras obras.
No início deste ano, foi revelado que uma imagem intrigante de uma Madona e o Menino havia sido descoberta sob as camadas de tinta de uma pintura de Botticelli de US$ 40 milhões.
E inteligência artificial, tecnologia de imagem avançada e impressão 3D foram usadas para descobrir um retrato nu de uma mulher agachada escondida sob a superfície de uma pintura de Pablo Picasso no ano passado.