Corte químico: como prevenir e recuperar fios danificados?
À CNN, especialista explica que é possível reverter a situação a partir de ativos corretos focados em reconstrução, hidratação e nutrição

Só quem já sofreu com corte químico sabe como é triste ver os fios - antes fortes - completamente fragilizados e quebradiços. Mas, acredite, é possível reverter a situação a partir de ativos corretos focados em reconstrução, hidratação e nutrição.
À CNN, o cabelereiro Rudi Werner, fundador da Werner Coiffeur, explica que, em resumo, o processo de corte químico trata-se do rompimento abrupto das fibras capilares causado por excesso de químicas (especialmente descoloração, alisamentos ou corações sucessivas) que degradam a estrutura interna do fio.
"Ele ocorre quando o dono ultrapassa a capacidade de resistência da fibra, principalmente das pontes estruturais levando o frio a partir, derreter, desmanchar ou se romper ainda molhado", diz.
O profissional também comenta que o principal dano crítico que ocorre na fibra capilar para que o procedimento ocorra é a quebra das ligações internas, com destaque para: pontes de dissulfeto, estrutura de queratina e CMC (complexo da membrana celular - uma região vital que age como "cola" entre as células do córtex e da cutícula, mantendo a estrutura capilar unida).
"Quando essas ligações são degradadas, o frio perde coesão, força e elasticidade natural e se rompe", acrescenta.
Atenção aos sinais de alerta
- Elasticidade exagerada;
- Fio embaraçado (estica demais e não volta);
- Textura de "gelatina" ou "borracha" ao melhor;
- Rompimento imediato com tração leve.
Fio elástico por descoloração ou início de corte químico?
Rudi conta ainda que existem algumas diferenças importantes entre um fio elástico por descoloração e por corte químico.
"O primeiro, estica mais do que o normal, mas ainda retorna parcialmente. A estrutura está fragilizada, mas há coesão suficiente para suportar um tratamento reconstrutor. Além disso, a textura pode estar macia demais ou fragilizado, porém o fio não se rompe com facilidade".
Já o fio em início de corte químico estica e não retorna, com perda da elasticidade total. "Ao tracionar levemente, rompe instantaneamente. A textura fica viscosa, de gel e o fio começa a desmanchar ao molhar", explica.
Como a porosidade se altera com um dano químico?
Após o dano intenso
- A cutícula fica dilatada demais ou se perde em regiões;
- A CMC se rompe criando "buracos" microscópicos;
- A fibra se torna hiperporosa.
Impacto nos tratamento
- Emolientes e água entram rápido, mas não permanecem;
- Reconstrutores podem endurecer demais (risco de rigidez).
- A fibra perde a capacidade de reter ativos, exige tratamentos frequentes, progressivos e bem equilibrados.
- Produtos precisam ter baixo peso molecular e ação de reposição progressiva.
Conheça os principais ativos para tratamento preventivo
O foco, segundo Werner, é fortalecer ligações, reforçar a estrutura e alinhar as cutículas. Por isso, os ativos recomendados são produtos com tecnologia Plex adicionados ao descolorante, agem preventivamente, protegendo e reconstruindo as pontes de dissulfeto (ligações químicas responsáveis pela força estrutura dos fios) e minimizando danos. Além de proteínas hidrolisadas (queratina, colágeno, trigo) e aminoácidos (arginina, cisteína, lisina).
Já no quesito hidratação, é indicado: ácido hialurônico, aloe vera e pantenol. Para nutrição e reposição lipídica, ceramidas, óleos vegetais (semente de uva, jojoba, abacate) e manteigas vegetais (karitê, murumuru).
Como montar um cronograma capilar após corte químico?
O cronograma deve ser intensivo, progressivo e com prioridade em reconstrução, mas alternado com nutrição e hidratação, para não enrijecer demais.
SEMANA 1 e 2 - Resgate (fase crítica)
- 2 reconstruções / semana
- Nutrição
- Hidratação
SEMANA 3 e 4 - Estabilização
- 1 reconstrução
- 1 hidratação
- 1 nutrição
APÓS 30 DIAS - Manutenção
- Reconstrução a cada 10–15 dias
- Nutrição semanal
- Hidratação semanal
- Finalizadores com proteção térmica sempre
É possível recuperar o cabelo por completo?
Sim e não. É o que afirma Rudi. "A fibra capilar não se cura como um tecido vivo — danos profundos (quebra de pontes e perda de massa) são irreversíveis naquela porção do fio."
"O que dá para recuperar é a força aparente, brilho, maleabilidade, coesão temporária, proteção e estabilidade das cutículas e redução do frizz e aspecto poroso", conclui.


