Gabz sobre o papel que a beleza ocupa para jovens negras: "Identidade"
À CNN, a atriz reflete sobre a estética funcionar como uma ferramenta de resistência e celebração da identidade negra

Após se despedir de Viola, sua personagem em “Mania de Você”, Gabz, 26, já está na contagem regressiva para interpretar Eduarda, nova protagonista na trama “Coração Acelerado”, próxima novela das 7, na TV Globo. Para o papel, a atriz radicalizou no visual e adotou um corte de cabelo bem curtinho e completamente diferente do que o público já estava acostumado.
Se na trama escrita por Izabel de Oliveira e Maria Helena Nascimento, a atriz vai se inserir em uma cidade fictícia, nos arredores de Goiânia, para abordar o universo sertanejo, longe das telinhas, ela é referência de estilo e personalidade para uma série de jovens negras que enxergam na moda e na beleza uma poderosa ferramenta de resistência e celebração da identidade.
Com exclusividade à CNN, Gabz aproveita o momento para refletir sobre o espaço que a estética ocupa dentro da comunidade negra. “Desde a nossa raiz, ela sempre foi muito forte. A gente sempre teve a nossa identidade sendo representada com criatividade", comenta.
"Hoje, eu sinto que existe uma galera [um pouco aleatória] que, às vezes, quer dizer que estamos nos disfarçando, ou, sei lá, que quando usamos lace, não estamos querendo ser a gente. Mas, não, não é nada disso. A gente sempre teve uma relação com a beleza e a moda e muita criatividade”, garante.

Entre lip combos, baby hair e uma variedade de tranças, Gabz diz ainda que, embora essas técnicas de beleza culturalmente relacionadas às mulheres negras venham ganhando cada vez mais força e visibilidade entre as principais tendências ao redor do mundo, o grande problema está em não dar o devido espaço a quem, de fato, faz esses movimentos acontecerem.
“A gente tem um problema de memória que não pode acontecer. A gente tem que ter a nossa memória ativa. Se eu pudesse chamar a juventude negra para se movimentar, seria que a gente fizesse esse processo. Às vezes, a gente se sente tão sozinho em vários espaços que nos achamos vanguardistas ou pioneiro em algo”, comenta.
“Mas, a grande verdade é que sempre existiram pessoas negras incríveis e a gente precisa fazer o esforço de lembrar delas, de exaltá-las, ou daqui a pouco os esquecidos seremos nós. E quanto mais a gente fizer esse movimento, mais a gente consegue se fortalecer e não deixar que entrem e tomem da gente o que é nosso. A gente não pode esquecer de onde veio, a gente não pode esquecer o que é nosso, a gente não precisa apenas dos créditos, a gente precisa do money”, finaliza.


