Governo fecha os dois hospitais de campanha do Rio de Janeiro

Ministério Público entrou na Justiça para manter unidade do Maracanã aberta

Anna Satie, da CNN em São Paulo
Manifestantes contra o fechamento do Hospital de Campanha do Maracanã, no RJ
Manifestantes contra o fechamento do Hospital de Campanha do Maracanã, no Rio de Janeiro  • Foto: Jairo Nascimento/CNN (17.jul.2020)
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O governo do Rio de Janeiro anunciou nesta sexta-feira (17) que vai fechar os dois hospitais de campanha em funcionamento no estado, o de São Gonçalo e o do Maracanã, na zona norte da capital.

Esses foram os únicos estabelecimentos inaugurados dos sete prometidos. O do Maracanã ficou pronto com nove dias de atraso, e o de São Gonçalo, que era previsto para março, só começou a funcionar em junho.

Em anúncio posterior, a secretaria estadual de Saúde afirmou que o fechamento não será definitivo e que está acontecendo apenas por vencimento de contrato com a empresa que gere os estabelecimentos. "O que ocorrerá neste momento é uma troca de RH, que será feita pela Fundação Saúde. Assim que houver essa troca, os hospitais estariam aptos a voltar a receber pacientes de Covid-19", disse em nota.

Caso haja necessidade, a secretaria disse que os hospitais de campanha de Nova Friburgo, Nova Iguaçu e Caxias estão prontos para atenderem 20 pacientes cada e que, em uma semana, poderiam estar funcionando em capacidade máxima.

O Ministério Público e a Defensoria do estado chegaram a pedir a intercessão da Justiça para impedir que esses pacientes sejam transferidos para outros hospitais. O Ministério Público Federal (MPF) também pediu explicações ao secretário estadual de Saúde, Alex Bousquet.

Nesta sexta, 26 pacientes estavam internados no complexo do Maracanã e oito no de São Gonçalo. A taxa de ocupação de leitos do SUS no estado é de 48% na enfermaria e 35% em UTIs.

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Um grupo de funcionários protestou em frente ao hospital, dizendo que chegou para trabalhar e recebeu o aviso de que, neste sábado (18), o local já não prestaria atendimento. Muitos disseram que não recebem salário há dois meses.

O Iabas disse que não foi comunicado anteriormente desse fechamento. "Essa é mais uma demonstração de que o Iabas tem sido vítima da falta de gestão e transparência das ações do estado a respeito dos hospitais de campanha", disse em nota.

Para a organização, o governo tem agido de maneira pouco transparente e que não assume a responsabilidade pelas decisões que levaram a atrasos na entrega de equipamentos.

"Conforme informado em ofício do dia 12 de junho, estavam então prontos para operação os hospitais de Duque de Caxias e Nova Iguaçu, e que as unidades de Nova Friburgo e Campos de Goytacazes estavam praticamente prontas. Se não estão operando esses hospitais é por decisão do governo do estado", escreveram.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, o Rio de Janeiro é o terceiro estado com o maior número de casos de Covid-19 no país. Até esta quinta-feira (16), haviam sido confirmados mais de 134 mil pessoas com o novo coronavírus.