Agricultor é condenado a 16 anos pelo assassinato do ativista Zé Maria do Tomé
O Conselho de Sentença, composto por sete jurados, reconheceu que Francisco Marcos colaborou diretamente com o executor do crime
O agricultor Francisco Marcos Lima Barros foi condenado a 16 anos de prisão pelo assassinato do líder comunitário e ambientalista Zé Maria do Tomé. O julgamento aconteceu nesta quarta-feira (9), no Fórum Clóvis Beviláqua, em Fortaleza, após um júri popular que durou 11 horas.
O Conselho de Sentença, composto por sete jurados, reconheceu que Francisco Marcos colaborou diretamente com o executor do crime, ajudando a planejar a emboscada que resultou na morte de Zé Maria com 25 disparos de arma de fogo.
O crime, ocorrido em 21 de abril de 2010, na região de Limoeiro do Norte, foi motivado pela oposição de Zé Maria à pulverização aérea de agrotóxicos na Chapada do Apodi, prática que ele denunciava por acreditar que prejudicaria a saúde da população local.
O assassinato gerou grande repercussão na época, o que levou o processo a ser transferido para Fortaleza.
Francisco Marcos foi condenado por homicídio qualificado, devido ao motivo torpe, ao meio cruel e ao recurso que dificultou a defesa da vítima. Segundo a acusação do Ministério Público do Estado do Ceará, ele forneceu informações detalhadas sobre a rotina de Zé Maria ao executor do crime, Westilly Hitler, que foi morto durante as investigações. Movimentos sociais que acompanham o caso há 14 anos estiveram presentes no julgamento.
Zé registrava imagens de aviões, tirava fotos e coletava documentos e estudos sobre os riscos associados à pulverização aérea de agrotóxicos. A atuação do ativista ambiental resultou na aprovação, em 2018, da Lei Estadual 16.820/19, que proíbe a prática em todo o território cearense.