Bolo envenenado: empresa que vendeu arsênico não será responsabilizada
Venda da substância não é proibida e ainda está pendente de regulamentações
A empresa responsável por vender arsênico à mulher que matou a família com um bolo envenenado, no Rio Grande do Sul, não será responsabilizada criminalmente, segundo a PCRS (Polícia Civil do Rio Grande do Sul). A delegada Milena Simioli, responsável pela investigação, explica que a venda da substância não é proibida no Brasil e ainda está pendente de regulamentações.
A compra foi realizado por meio do site de uma empresa do Rio de Janeiro.
“O ato de vender tal produto, em que pese ser um produto de risco à saúde, por não ter a devida regulamentação, não há enquadramento a nenhum tipo penal”.
A delegada também informa que possível violação administrativa em relação a controle pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) deve ser tratada com o órgão.
Simioli menciona que há dois projetos de lei (nº 985/2025 e n° 1381/2025) propostos com o intuito de corrigir essa brecha. Eles têm o objetivo de proibir a venda de substâncias arsenicais a pessoas físicas e criar um controle mais rigoroso sobre a identificação do comprador e a justificativa técnica de uso.
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Relembre o caso
Três pessoas morreram e outras duas foram hospitalizadas, todas da mesma família, após comerem um bolo envenenado, na véspera de Natal de 2024, em Torres (RS). Deise dos Anjos é a principal suspeita dos crimes.
As vítimas são as irmãs Maida Berenice Flores da Silva e Neuza Denize Silva dos Anjos, e Tatiana Denize Silva dos Anjos, filha de Neuza.
A sogra de Deise, Zeli dos Anjos, teria preparado o bolo, sem saber que a farinha estava contaminada. Ela também foi hospitalizada. Segundo a PCRS, Zeli era o alvo principal do envenenamento. Uma criança de 10 anos também comeu o bolo e foi hospitalizada.
Três meses antes, o sogro de Deise morreu, ao ingerir bananas e leite em pó envenenados.
Em fevereiro, Deise foi encontrada sem vida, em uma unidade prisional do estado. Conforme a Polícia Penal, ela cometeu suicídio.


