Bolsonarista que matou petista no Paraná vai cumprir prisão domiciliar
Justiça concedeu medida a ex-policial réu por homicídio qualificado nesta quinta-feira (12); caso ocorreu em julho de 2022
A Justiça do Paraná concedeu habeas corpus ao ex-policial penal Jorge Guaranho, acusado de matar o ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, Marcelo Arruda, em decisão nesta quinta-feira (12).
O réu permanecerá em prisão domiciliar, com tornozeleira eletrônica, até a data do julgamento nos dias 11, 12 e 13 de fevereiro de 2025. Ele está detido no Complexo Médico Penal de Curitiba e deve ser liberado na tarde de hoje.
O caso ocorreu em 9 de julho de 2022. Apoiador do então presidente Jair Bolsonaro (PL), Jorge entrou na festa de 50 anos de Marcelo e atirou várias vezes contra a vítima, que também estava armado e reagiu com mais disparos.
A determinação da Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná foi proferida em sessão pública na tarde de ontem (12).
O advogado Samir Mattar Assad, representante da defesa, alegou motivações médicas para a prisão em domicílio. Ele contou à CNN que o preso passa por uma situação de tortura e precisa de intervenção cirúrgica urgente.
“O Jorge precisa tomar remédios fortes para dormir, está com o braço quebrado, com a perna esquerda atrofiada, com o maxilar deformado e não consegue mastigar, então só come alimentos pastosos. Ele está sobrevivendo e não vivendo”, afirmou.
Segundo Assad, o pedido possui um caráter humanitário e de utilidade processual, já que o réu continuaria cumprindo a pena. A solicitação do habeas corpus foi feita no final do último mês de abril.
Os desembargadores entenderam que o acusado “não oferece nenhuma periculosidade, exceto caso contrate alguém para fazer alguma coisa”. Segundo os autoridades, ele tem autorização apenas para se deslocar para tratamentos médicos.
“Eu acho que a melhor solução humanitária-técnica é a prisão domiciliar”, afirmou um dos magistrados.
O escritório Botelho e Raffaelli Boito, que representa a família de Marcelo Arruda, afirma que recebeu com angústia a decisão da Justiça paranaense.
“A família da vítima já não suporta tamanho sofrimento, seja pela ausência de Marcelo, ou, ainda, por não ver o seu assassino cumprindo pena pelo crime tão brutal que decidiu praticar”, ressalta.
Segundo o representante legal, a família está absolutamente devastada pela notícia. Jorge Guaranho é réu por homicídio qualificado (crime praticado por motivo fútil e meio que resultou em perigo comum).
A defesa de Jorge enfatiza que é falso que ele é uma pessoa de alta periculosidade e que o caso é baseado em falsas premissas.
O Ministério Público do Paraná afirmou à CNN que ainda não foi intimado da decisão e irá analisá-la para decidir se vai recorrer.
Relembre o caso
Em 9 de julho de 2022, Jorge Guaranho invadiu a comemoração de Marcelo Arruda ao saber que o tema da festa era o Partido dos Trabalhadores.
Guaranho atirou várias vezes contra Marcelo, que também estava armado e reagiu com mais disparos. Em seguida, Guaranho foi agredido por diversas pessoas no local.
Após a troca de tiros entre os dois, Marcelo ficou gravemente ferido e precisou ser socorrido. No dia seguinte, em 10 de julho, ele não resistiu e veio a óbito.
O acusado foi preso e permanece atualmente como réu pelo homicídio. Ele também foi demitido do cargo que atuava antes do crime como agente federal no presídio de Catanduvas, na região de Cascavel, no Paraná.