Chance de você beber drink de garrafa adulterada é de um para quatro
Afirmação é do Jeff Hardy, diretor-geral da Tracit, órgão vinculado à ONU que estuda comércio ilícito global
Uma a cada quatro garrafas de bebida alcóolica são adulteradas. Os dados são globais e não é um problema exclusivo do Brasil.
Para que a garrafa seja considerada ilícita, são considerados os seguintes fatores: bebida ilícita vendida como marca legal (substituição), reutilização de garrafas legítimas preenchidas com álcool mais barato ou produção industrial de marcas ilícitas ou sem marca.
Além do contrabando de produtos acabados ou matérias-primas: importação ilícita de etanol como insumo ou importação ilegal de bebidas alcoólicas prontas. As informações são do Jeff Hardy, diretor-geral da Aliança Transnacional para o Combate ao Comércio Ilícito (Tracit *sigla em inglês), órgão vinculado à ONU.
A organização cita diretrizes que podem ser aplicadas ao Brasil para melhor controle e fiscalização de bebidas falsificadas.
"Aplicar penalidades que desestimulem a atividade criminosa. A efetiva aplicação das leis exige coordenação entre órgãos governamentais, como Receita, polícia, vigilância sanitária e autoridades de fronteira. Penalidades administrativas, criminais e civis devem ser suficientemente severas para coibir a falsificação e o comércio ilegal", aponta Hardy em entrevista à CNN Brasil.
Para o diretor-geral da Tracit, até mesmo repensar os impostos aplicados é um caminho para combater as falsificações.
"Racionalizar políticas tributárias e subsídios: as políticas fiscais devem evitar distorções que estimulem o contrabando, a adulteração ou o roubo. Uma abordagem proporcional e baseada em evidências ajuda a desestimular o mercado ilegal e a garantir arrecadação sustentável, saúde pública e segurança do consumidor", conclui Hardy.
Contaminação no Brasil
Até o momento, nesta segunda-feira (20), segundo o Ministério da Saúde são nove mortes por intoxicação por metanol após consumo de bebidas alcóolicas adulteradas no Brasil. Seis foram em São Paulo, duas no Pernambuco e uma no Paraná.
Os dados da Sala de Situação apresentam 104 notificações foram registradas, sendo 47 confirmados e 57 em investigação. Além disso, já foram descartados 578 registros.
O estado de São Paulo segue com o maior número de notificações, com 38 casos confirmados e 19 em investigação. De acordo com o Ministério da Saúde, o estado descartou outras 408 notificações.
Também foram confirmados três casos de intoxicação no Pernambuco, cinco no Paraná e um no Rio Grande do Sul.
Em relação aos casos em investigação, Pernambuco registrou 26; São Paulo (19), Piauí (3). O Rio de Janeiro e Paraná investigam dois casos. Já os estados de Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná, Bahia, Minas Gerais e Tocantins, possuem apenas um caso em apuração.
*Com informações de Helena Barra e Luan Leão