“Golpe do novo contato”: operação cumpre mandados em cinco estados e no DF

Investigação descobriu 157 casos com vítimas em todo o Brasil

Elijonas Maia, da CNN, em Brasília
Mandados são cumpridos nos estados do Maranhão, Mato Grosso, Santa Catarina, Pará, Tocantins — e no Distrito Federal  • Reprodução
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Uma operação coordenada pela Polícia Civil de Goiás, com apoio do Ministério da Justiça e Segurança Pública, foi deflagrada nesta quinta-feira (14) para desarticular uma associação criminosa responsável por aplicar golpes milionários pela internet em todo o país conhecido como “golpe do novo contato”.

São cumpridos 23 mandados de prisão temporária e 24 mandados de busca e apreensão, além do bloqueio de bens avaliados em R$ 120 mil. A ação é realizada simultaneamente em 11 cidades de cinco estados — Maranhão, Mato Grosso, Santa Catarina, Pará, Tocantins — e no Distrito Federal, e tem a participação de 140 policiais civis.

O trabalho tem apoio do Laboratório Cibernético da Secretaria Nacional de Segurança Pública do MJ, especializado na análise de dados digitais e rastreamento financeiro que rastreou as transações dos investigados.

As investigações tiveram início após um caso de “golpe do novo número” contra uma idosa, que perdeu R$ 120 mil em Goiás. A partir desse episódio, foram identificadas 157 ocorrências, registradas entre 2021 e 2024.

Segundo a polícia, o grupo possuía uma estrutura bem definida: os “articuladores” abordavam as vítimas e criavam narrativas falsas; os chamados “conteiros” cediam contas bancárias para receber o dinheiro; e os “lavadores” fragmentavam e movimentavam os valores para dificultar o rastreamento. Para executar os crimes, utilizavam softwares que permitiam gerenciar múltiplos perfis no WhatsApp, além de acessar dados por meio de “grades” e “painéis virtuais”.

Esta foi a terceira fase da investigação. Na segunda, realizada em 2023, a prisão de um dos líderes revelou a complexidade da rede criminosa. Até o momento, 51 pessoas foram identificadas e 28 delas presas. As autoridades destacam que a operação representa um duro golpe contra o crime organizado digital, que vem se sofisticando no país.

Os suspeitos poderão responder por estelionato eletrônico, cuja pena varia de quatro a oito anos de prisão; associação criminosa, com pena de um a três anos; e lavagem de dinheiro, que prevê de três a dez anos de reclusão. Se condenados pelo conjunto das práticas criminosas, as penas podem chegar a até 21 anos de prisão.