No Brasil, 46,7% de policiais penais sentem medo no trabalho, diz pesquisa
Levantamento inédito ouviu 22,7 mil agentes; dados também citam depressão, ansiedade e pânico

Uma pesquisa inédita feita com 22,7 mil policiais penais em todo o Brasil mostra um cenário do sistema penitenciário brasileiro que só é conhecido por quem está do lado de dentro dos muros dos presídios.
Realizada entre 2022 e 2024, a pesquisa “Cenários da Saúde Física e Mental dos Servidores do Sistema Penitenciário Brasileiro” é a maior pesquisa nacional já realizada sobre a saúde física e mental dos servidores do sistema penitenciário brasileiro, promovida pela Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais), do Ministério da Justiça e Segurança Pública, e operacionalizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com a empresa Vydia.
Os dados revelam que 46,7% dos policiais já sentiram medo relacionado ao trabalho em algum nível nas últimas duas semanas, 28,1% sentiram irritação muitas vezes, 4,0% o tempo todo, 34,3% sentiram exaustão muitas vezes e 10,3% o tempo todo.
Os números também mostram uma polícia doente: hipertensão, obesidade e doenças ortopédicas aparecem entre as mais frequentes citadas.
Sobre saúde mental, 18,6% responderam que é ruim e 4,3% classificaram como péssima.
A pesquisa mostra ainda que 25% dizem que estão “no limite”. Com diagnósticos formais, 20,6% têm ansiedade, 10,7% depressão e 4,2% pânico.
No quesito assédio, os números também chamam atenção: 40,2% declararam já terem sofrido assédio moral no trabalho, 9,2 % assédio sexual, 14,1% discriminação racial e 13,5% discriminação de gênero.
Os 100 mil policiais penais no Brasil são responsáveis pela custódia e a segurança de cerca de 900 mil pessoas privadas de liberdade, além de lidar com a custódia de líderes de facções criminosas, como Primeiro Comando da Capital (PCC) e CV (Comando Vermelho).


