Campanhas veem 'recall eleitoral' e esperam que TV mude resultado de pesquisa

Celso Russomanno tem 26% das intenções de voto e Bruno Covas, 21%. Como a margem de erro é de três pontos percentuais, os dois estão em empate técnico

Estadão Conteúdo
Urna eletrônica que será utilizada nas eleições municipais de 2020
Urna eletrônica que será utilizada nas eleições municipais de 2020  • Foto: Divulgação/TRE-RJ
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Campanhas de alguns dos principais candidatos à Prefeitura de São Paulo avaliam que a pesquisa Ibope/Estadão/TV Globo, divulgada nesta sexta-feira, 2, mostra efeitos do recall eleitoral, ou seja, candidatos mais conhecidos do público estão em melhor colocação. Estrategistas esperam que, com o início da propaganda na televisão, no próximo dia 9, e o avanço da campanha de rua, alguns números mudem.

Segundo a pesquisa, Celso Russomanno (Republicanos) tem 26% das intenções de voto, Bruno Covas (PSDB) tem 21%. Como a margem de erro do levantamento é de três pontos porcentuais, os dois candidatos estão em empate técnico. Apresentador de TV desde os anos 1990, deputado federal por seis mandatos e candidato à Prefeitura de São Paulo pela terceira vez, Russomanno é muito conhecido pelo eleitor, assim como Covas, atual prefeito.

Marqueteiros ouvidos pelo Estadão acham que Jilmar Tatto (PT), por exemplo, que aparece com 1%, pode crescer, principalmente sobre o eleitor da periferia que hoje declara voto em Russomanno. O líder das pesquisas também pode perder apoio conforme aumentarem os ataques dos adversários. No debate da noite desta quinta-feira, 1, na TV Band, Russomanno foi criticado por apoio a governos petistas, por sua atuação na Câmara e até por ter sido citado nas planilhas de propina da Odebrecht.

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Russomanno disse que recebe o resultado da pesquisa com "muita serenidade": "Temos muito ainda que trabalhar para continuar a nossa luta, agora, em defesa do cidadão paulistano", afirmou o deputado federal, conhecido por atuar na defesa do consumidor.

Covas afirmou que lê os dados do Ibope com "alegria e humildade". "A cada dia que passa as pessoas vão conhecendo um pouco mais as nossas realizações, e isso nos trás um ânimo ainda maior para seguir enfrente", afirmou o prefeito.

O terceiro colocado na pesquisa foi Guilherme Boulos (PSOL), com 8%, que vê a "consolidação" da sua candidatura. "O Ibope confirma e consolida nossa candidatura coma a única capaz de chegar ao segundo turno e vencer os representantes do ‘Bolsodoria’. Vamos seguir mostrando nossas propostas e nosso compromisso com o povo para inverter prioridades e colocar a periferia no centro", afirmou o candidato.

Quarto colocado, com 7% das intenções de voto, Márcio França (PSB), lembrou que também aparecia atrás nas primeiras pesquisas para o governo do Estado em 2018 e que terminou indo para o segundo turno. "Naquela oportunidade, tínhamos 3% no começo. O cenário se desenha para, novamente, sermos a opção progressista para o 2º turno.", declarou.

Em quinto lugar, com 2%, Vera Lúcia (PSTU) atribuiu a colocação ao posicionamento do partido e do programa de campanha, à esquerda de outras siglas. "Isso significa o grito que está engasgado na garganta da classe trabalhadora, que não aguenta mais tanto sofrimento, informalidade e falta de perspectiva para o futuro", disse Vera. "Isso também nos surpreende, estar à frente de nove candidatos em condições muito menores do ponto de vista material, financeiro e inclusive de visibilidade."

Lembrada por 1% dos entrevistados, junto com outros sete candidatos, Marina Helou (Rede) disse que está no mesmo patamar que campanhas "com muito mais dinheiro" do que a sua. "Ou seja, mostra que temos, sim, um espaço grande para crescer e, nos tornando mais conhecidas, com certeza vamos subir nas pesquisas."

Também com 1%, Joice Hasselmann (PSL) diz acreditar que os primeiros colocados têm o recall a seu favor. "Mais uma vez, a pesquisa não registra a realidade, apenas o recall de políticos profissionais que eleição após eleição se apresentam com as mesmas propostas. É mais do mesmo", declarou.

A pesquisa foi realizada entre os dias 30 de setembro e 1 de outubro, com 805 pessoas. As entrevistas foram feitas de forma presencial. Por causa da pandemia, a equipe de entrevistadores usou equipamentos de proteção para garantia da própria saúde e também a dos eleitores. O levantamento foi registrado no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo sob o protocolo SP-09520/2020.